Uma mega operação do Ministério Público de Santa Isabel, com apoio da Polícia Civil de Igaratá cumpriu, na última terça-feira, mandados de busca e apreensão em endereços ligados a uma quadrilha de loteadores clandestinos que há anos tem atuado em Igaratá e região. Ninguém foi preso, mas a operação levantou provas importantes sobre o esquema e pode resultar ainda em um prejuízo de mais de R$ 20 milhões aos criminosos.
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Os mandados foram cumpridos em Arujá, Itaquaquecetuba, Guarulhos e São Paulo. O alvo da operação foi o Residencial Naútico Parque de Igaratá. De acordo com a Promotoria de Justiça, mesmo com a área embargada pela prefeitura de Igaratá inúmeras vezes, a quadrilha seguia promovendo a abertura de ruas e instalação de postes no local.
A área está em nome Talita Tainara Gomes, uma jovem de apenas 23 anos, moradora de Itaquá e proprietária de uma empresa que organiza feiras, congressos e eventos. A operação ocorreu logo pela manhã e Talita parecia já esperar a chegada dos policiais e dos agentes do MP. Com olhar debochado e postura desafiadora ela conseguiu ocultar a tempo o telefone celular.
Considerando a possibilidade de dilapidação de outras provas, o Ministério Público não descarta solicitar a prisão preventiva da jovem. “Mas isso, só deverá ocorrer após uma análise minuciosa dos objetos apreendidos pela equipe de investigação”, ressaltou o promotor de Justiça, Dr. Daniel Gruenwald Lepine.
Nos endereços investigados, os agentes apreenderam computadores, documentos e um total de 5.761 cheques, com valores que variam entra R$900,00 até R$400.000,00. De acordo com o MP. os cheques, foram repassados por compradores de lotes comercializados pela quadrilha.
Nos objetos apreendidos, a equipe conseguiu identificar ainda a participação de outros indivíduos no esquema: Virgílio dos Santos Rosario de Meireles, proprietário da empresa Inova Era Construtora e Valmir José de Souza, proprietário da Inova Administradora de Bens Ltda. Ambas as empresas possuem pouco menos de quatro anos de atuação e estão sediadas em Arujá.
Em pesquisas na internet é possível encontrar páginas nas redes sociais em nome destas empresas, comercializando terrenos, chácaras e demais empreendimentos em cidades como Igaratá, Santa Isabel e Atibaia. Também não é difícil encontrar sites de denúncias de comercialização de terrenos clandestinos e ações movidas contra as pessoas citadas pelos investigadores.
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“Essas figuras já são réus em ações civis públicas ambientais por loteamentos clandestinos em diversas cidades. É importantíssimo que os potenciais compradores, que repassaram cheques ou quaisquer outras garantias de pagamento ou transferência a esses empreendimentos ou pessoas ligadas a eles, não façam o depósito dos valores”, alertou o Promotor de Justiça. Com o não depósito dos cheques, o MP estima que a quadrilha venha a ter um prejuízo de mais de R$ 20 milhões.
A reportagem do Jornal Ouvidor tentou contato com Virgílio e Valmir, mas até a publicação desta matéria não houve retorno dos e-mails nem ligações efetuadas.
Talita informou que seus advogados estão cuidando do caso e assim que possível tomarão as devidas providências, a fim de sanar todas as questões a ela imputada.
Dr. Daniel Lepine adverte ainda as vítimas dos loteadores, a ficarem atentas com possíveis contatos que as essas empresas podem vir a fazer sugerindo a formação de grupos de associação de moradores como solução para regularizar o empreendimento, prática frequentemente comum entre a quadrilhas, a fim de ganhar tempo em suas ações criminosas.
O MP reforça a importância das pessoas em buscarem junto as prefeituras e demais órgãos de fiscalização, todas as informações possíveis antes de investirem em um lote ou construção.
“Não podemos deixar de destacar a importante atuação da Polícia Civil de Igaratá, que com apoio da Seccional de Jacareí, conseguiu com êxito cumprir todos os mandados de busca e apreensão”, finaliza o Promotor.