A história do isabelense que nem o tempo parou

Conheça a vida de José Corrêa, um dos relojoeiros mais antigos de Santa Isabel, na primeira reportagem da série “Profissões”.

relojoeiro
José Corrêa ajustando um dos vários relógios que vê diariamente em sua oficina. Foto: Giovanna Soares, para o Ouvidor

Mesmo em meio aos contratempos provocados pelo tempo e pela correria moderna, os talentos e as experiências históricas ainda são avistados em Santa Isabel e sobrevivem às intempéries, como é o caso de José Corrêa, relojoeiro. Sentado em sua oficina, localizada na Avenida da República, no Centro do município, Corrêa cuida com carinho e precisão dos relógios que chegam até suas mãos, e assim se tornou conhecido pelos isabelenses há 32 anos.

Foi notícia no Ouvidor

Aos 73 anos de idade, o relojoeiro conta que inicialmente, sua função no ramo mercadológico era a venda de bijuterias, também na Avenida da República, e não se imaginava como relojoeiro, visto que ‘o tempo ainda não o permitia adquirir a experiência necessária’.

José Corrêa em sua oficina no centro de Santa Isabel, ao lado do amigo Carmo Aparecido. Foto: Giovanna Soares, para o Ouvidor

No início de sua carreira como vendedor, em 1982, os diversos transeuntes que procuravam por bijuterias na “antiga Santa Isabel”, também apresentavam seus relógios dos mais diferentes tipos, todos com marcas históricas e pequenos defeitos. “As pessoas me procuravam e mostravam os objetos, procurando com uma ajuda no conserto…”, disse. Assim, o repertório visto diariamente por ele, abriu os caminhos para a profissão de ‘relojoeiro’.

José Corrêa relembra que este período que passou “consertando o tempo” foi excepcional. Segundo ele, os primeiros anos no ofício foram de suma importância, pois serviram no aprendizado das mais diferentes técnicas vistas nos relógios da “antiga Santa Isabel”: “Eu não tinha muita experiência com relógios antes de tê-los em minhas mãos. Aprendi os mecanismos e seu funcionamento ‘na raça’, ao longo do tempo”, comentou.

Para Corrêa, essa convivência com o tempo em sua forma material, permitiu que o tempo o ajudasse a se tornar o ser que é hoje em dia. Casado com Lídia, é pai de 4 filhos – Aparecida, Valter, Valdenice e Aurélia, e hoje, continua como relojoeiro no Centro de Santa Isabel, onde há 14 anos, trabalha em sua própria oficina, um pequeno balcão localizado na entrada de um estacionamento.

Entretanto, mesmo após um período de diminuição no movimento, devido à chegada da “era digital”, seu trabalho não foi desvalorizado. Ele ressalta que, recentemente, muitos jovens e adultos começaram a retornar a prática de consertar seus antigos relógios, e agora, muitos com seus “relógios digitais” – Smartwatches.

Para ele, as novas gerações que estão chegando, trazem consigo o futuro, e são a oportunidade de aprender novas funcionalidades: “Já vi muita novidade. Com um pouco de prática que a gente tem, vamos estudando e conseguimos fazer funcionar”, comentou com olhar de esperança.

José Corrêa, relojoeiro mais experiente de Santa Isabel, deixa em seu recado para as novas e futuras gerações, o pedido: “Pode ser que as novas gerações vindouras deixem de usar relógios completamente, mas, não esqueçam aqueles que consertam, realizam a manutenção e apoiam os objetos guardados com tanto carinho”.

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