Além de seguir os blocos de rua, trios elétricos e festejar durante o Carnaval, beijar na boca é uma das atividades que muitas pessoas, especialmente as mais jovens, gostam de praticar e que, infelizmente, pode ser responsável pela transmissão de algumas doenças infecciosas. Além dos vírus causadores de resfriados, o caso mais comum é o da mononucleose, conhecida popularmente como a doença do beijo e causada pelo vírus Epstein-Barr.
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Segundo o Ministério da Saúde, a doença afeta principalmente pessoas com idade média entre 15 a 25 anos. “Essa é uma infecção bastante comum e a maioria das pessoas no Brasil já teve contato com o vírus e a transmissão ocorre pelo contato íntimo com a saliva contaminada”, explica Josias Oliveira Aragão, infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), principal unidade do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe).
É possível ter mononucleose de forma assintomática, mas, caso apresente sintomas, eles se assemelham aos de outras doenças infecciosas e incluem febre, mal-estar e dor de garganta. A diferença é que também pode haver a presença de manchas vermelhas pelo corpo e o aumento no tamanho dos gânglios, principalmente no pescoço, além de aumento do fígado e baço nos casos mais graves. “Por isso é importante ter atenção aos sinais do corpo”, afirma o médico.
O profissional explica que a maior parte dos sintomas deve regredir em alguns dias, mas o cansaço físico pode durar semanas e, nos casos mais graves, meses. De modo geral, o tratamento consiste apenas nos cuidados aos sintomas caso seja necessário. “Poucos casos precisam de hospitalização e, quando isso acontece, geralmente é devido a alterações expressivas em exames de fígado ou quadros neurológicos”, complementa.
Sobre a prevenção, Aragão afirma que evitar contato com saliva infectada ainda é a principal forma enquanto não há nenhuma vacina disponível. O Ministério da Saúde afirma a mononucleose pode ser transmitida pela pessoa infectada e sem sintomas até um ano após a infecção.
Outras doenças infecciosas
Herpes labial
Entre as outras infecções que podem ser transmitidas pelo beijo, destaque para o herpes labial, que se manifesta com pequenas e dolorosas bolhas nos lábios. “Em geral, as lesões duram menos de uma semana e seus sintomas podem ser abreviados com o uso de medicamentos prescritos por um médico”, explica o Dr. Josias.
“As feridas na boca podem retornar ocasionalmente, pois o vírus causador do herpes não é eliminado do corpo, fica em estado latente. Lesões semelhantes podem aparecer nos órgãos genitais, então também é uma infecção de transmissão sexual.”
Candidíase Oral
Mais conhecida como ‘’sapinho’’, ela é responsável pelo surgimento de uma série de sinais que afetam as mais variadas regiões da boca, embora sejam muito mais recorrentes na área da língua. “Além do beijo, o ato de compartilhar utensílios e objetos também pode ser um possível agente causador do problema”, alerta.
A candidíase também pode trazer malefícios para outras regiões, espalhando para, por exemplo, órgãos do sistema respiratório e até mesmo para a pele.
Cárie dentária
Certas bactérias, como Streptococcus mutans, que contribuem para a cárie dentária, podem ser transmitidas pela troca de saliva. Essa é mais um risco que se corre ao trocar beijos com estranhos.
Papilomavírus Humano (HPV)
A transmissão do HPV acontece por meio de contato direto. Pelo beijo, pode ser transmitida caso existam feridas na boca que entrem em contato com o vírus, mas o contágio mais comum acontece nos genitais, por meio de relações sexuais.
O HPV é o causador das verrugas genitais, também chamadas de condilomas. Muitas pessoas não apresentam esse sintomas relacionados ao vírus, porém, ainda assim, pode ocorrer o contágio. “Além das verrugas, o HPV é responsável por alguns tipos de câncer, sendo o principal o do colo uterino. Por isso, é importante a realização de exames preventivos”, afirma o médico.
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A principal forma de prevenção são as vacinas, que protegem contra os principais subtipos do vírus relacionados ao câncer e às verrugas. Além disso, a prevenção deve ser complementada com o uso de preservativos em caso de contato sexual. O tratamento das verrugas é realizado por dermatologistas, urologistas, ginecologistas ou proctologistas, dependendo da localização das lesões. É importante ressaltar que a PrEP (profilaxia pré-exposição) não previne a transmissão dessas doenças por ser um método de prevenção específico para o HIV.