Fim de um herói

O Brasil perdeu essa semana um de seus mais nobres filhos. Seu único erro foi ter atuado, exemplarmente, como Ministro da Agricultura durante o governo do General Ernesto Geisel (1974/1981). Falo do engenheiro agrônomo Alysson Paolinelli (1936/2023), que faleceu em Belo Horizonte alguns dias antes de completar 87 anos.

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O seu legado no Brasil tem marca: a Embrapa. Foi durante a sua gestão como Ministro, depois de ter sido por três vezes secretário da agricultura de Minas Gerais, que ele criou a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária, responsável pelo sucesso do agronegócio brasileiro.

Até a introdução da Embrapa na cultura brasileira, a produção agrícola e pecuária do país era pífia e atuava com os mesmos princípios e tecnologias dos países de climas frio e temperado. Foi Alysson Paolinelli que entendeu a necessidade do desenvolvimento de tecnologias próprias para o clima tropical.

Acreditou na ciência e a aplicou. Foi professor e diretor da Escola Superior de Agricultura de Lavras onde começou a desenvolver os seus projetos. Na condição de secretário da agricultura de Minas, os tornou mais conhecidos e, quando nomeado Ministro da Agricultura possuía argumentos suficientemente fortes para justificar investimentos que resultaram no reconhecimento internacional do Brasil como país produtor de alimentos para o mundo.

Sua atuação foi tão significativa que teve o seu nome indicado para o Prêmio Nobel da Paz porque defendia que “sem alimentos a paz não é possível”. Hoje o sucesso do agronegócio brasileiro é fruto da dedicação da discreta Embrapa que pesquisa incansavelmente para desenvolver tecnologias que permitiram o Brasil a produzir trigo em áreas que jamais haviam feito prosperar uma única semente. Além das culturas tradicionais como a cana de açúcar, café e cacau, a partir de 1974 o Brasil entrou para valer no mercado internacional com produtos como milho, soja, hortaliças, gado de corte e leite e inúmeros produtos cuja existência era negada no país. Se o Nordeste tem atualmente a produção de excelentes safras de uvas, é fruto desse empenho em transformar o país em celeiro do mundo.

Paolinelli entendeu que a vaca holandesa, sem adaptação ao clima brasileiro, morre. E foi o que ele, a frente da Embrapa fez, adaptou o país para produzir o alimento necessário ao mundo. As tecnologias desenvolvidas no Brasil são hoje utilizadas em todo o mundo tropical e fortalecem a nossa economia e de muitos países da África.

Alysson Paolinelli morreu. Morreu em silêncio quase esquecido pelo país que ele transformou. Mas o que ele fez estará em nossas mesas e nas mesas de todo o mundo pelos próximos séculos. Triste é o país que esquece seus heróis!

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