Essa semana peço licença para tratar de dois temas que, embora diferentes, tem algo em comum: a radicalização da violência. Estamos assistindo no Brasil um crescimento muito grande de dois fenômenos: um é a polarização e o outro a radicalização da violência.
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Chamo de radicalização da violência a sensação que alguns grupos têm de que somente alcançarão os seus objetivos através da violência como a que temos assistido nos estádios e futebol e, essa semana, na Rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais, no encontro de duas torcidas de times de futebol que têm a mesma origem (o Palestra).
A polarização é a fixação de extremos postos muito clara, por exemplo, na eleição presidencial que viveremos no dia dois de outubro. O mundo, a vida, é polarizada entre o sol e a lua, o dia e a noite, o bem e o mal. As ideologias também podem se polarizar na busca do bem comum, é natural que ocorra. Mas adotar a violência como forma de se impor um determinado objetivo destrói o que a humanidade conquistou ao longo de sua civilização.
E infelizmente estamos assistindo no país essa adoção da violência como método. São as brigas políticas, as manifestações racistas, a discriminação religiosa e sexistas estão surgindo de norte a sul desavergonhadamente destruindo o que aprendemos, nas escolas mais antigas, o que era o maior orgulho do Brasil: a convivência pacífica de várias raças, credos e opções.
Não quero atribuir a determinadas atitudes de governantes a ocorrência desses fenômenos. Quero afirmar é a minha convicção de que isso seja resultado de uma acomodação social com a impunidade. Um evidente descrédito nas ações da justiça.
Não são as atitudes recentes de governantes que desencadearam esse tipo de reação, mas a indiferença com que são atendidas as necessidades da população. O brasileiro sofre com o chamado custo Brasil, com os impostos extorsivos, com a dificuldades de se obter a atenção do Estado e com a baixa qualidade de vida da maior parte da população. Ao mesmo tempo, assiste uma classe se locupletando com recursos privilegiados, em verdadeiro escarnio com o sofrimento do povo.
É essa desfaçatez que, somada a uma sensação de impunidade que se transformou na receita de violência que temos assistidos e diante da qual nos sentimos impotentes. Não vamos alterar o curso dessa história dentro de dois dias, mas podemos refletir sobre a importância de nosso voto e depositar nele, qualquer que seja a nossa opção, a esperança de que a próxima geração tenha a segurança de um país mais civilizado.