Os cabelos ainda estão crescendo, a pele aos poucos recupera a cor natural, os braços frágeis de uma criança de 12 anos ainda trazem as marcas que resumem longos meses de quimioterapia e uso de fortes medicamentos. Diagnosticada com leucemia em fevereiro deste ano, Kimberly Alves Menino é dona de uma biografia que até aqui se resume em luta, fé e muito amor. Onze meses após o diagnóstico, ela está oficialmente curada do câncer.
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A mãe, Lucilene Alves explica que o processo até o diagnóstico, que confirmou tratar-se de câncer no sangue, foi rápido. Ainda no fim do ano passado, após Kimberly apresentar cansaço excessivo e manchas na pele acompanhadas de uma forte palidez, a família procurou atendimento médico sucessivas vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Isabel: “No começo íamos e voltávamos para casa, dava uma melhora, mas na sequência ela tinha novas recaídas, foi então que em janeiro o médico pediu uma série de exames e em 20 de fevereiro, um dia antes do aniversário dela, recebemos o diagnóstico que possivelmente poderia ser um câncer”, recorda.
Ainda em Santa Isabel, Lucilene conta que os médicos da UPA rapidamente a encaminharam para uma unidade referência em tratamento de câncer infantil em São José dos Campos: “Tivemos que iniciar o tratamento as pressas, pois os exames, lá feitos, confirmaram o câncer e indicavam que a doença já havia tomado todo o sangue”, disse.
De fevereiro a julho, Kimberly seguiu o tratamento ininterrupto de quimioterapia. Os cinco meses vivendo dentro de um hospital, sob o uso de fortes drogas para o controle da doença, deixaram a menina franzina ainda mais cansada. Mas a busca pela cura criou no entorno de Kimberly e sua família, uma forte rede de apoio que fez total diferença no processo de tratamento: “Eu não imaginava que era tão querida assim. Os amigos e familiares foram fundamentais”, disse a menina.
A mãe, reforça essa afirmação: “Neste processo de tratamento, as pessoas diretamente afetadas precisam de muito apoio, por isso, a mão estendida faz total diferença. Só tenho a agradecer”, completou.
Para não perder o ano letivo Kimberly conseguiu realizar, do hospital, todas as atividades escolares e as provas. Isso só foi possível graças a criação de uma plataforma digital desenvolvida, exclusivamente para ela, por seus professores e diretores da Escola Municipal Professor Dr. Domingos Lerário, em Guararema.
Do fim da quimioterapia, até a procura do doador da medula e o local onde esse transplante pudesse ser realizado, foram exatos dois meses de uma busca incansável. Em setembro, Kimberly, a mãe Lucilene e seu pai Leandro Menino mudaram-se para São Paulo, deixando compromissos e trabalhos em Santa Isabel para viver entre uma Casa de Apoio e o Hospital Beneficência Portuguesa.
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No dia 14 de setembro, a unidade realizou o transplante. O doador de Kimberly foi o próprio pai. Após a cirurgia, Kimberly seguiu em observação médica ainda na unidade, mesmo após a primeira alta a família continuou vivendo na Casa de Apoio. Neste período, a menina pegou uma nova infecção, comum no processo pós cirúrgico, mas que a fez voltar novamente para o hospital, onde permaneceu por quase 40 dias.
No início deste mês a menina que gosta de morangos e adora comida japonesa, é vaidosa e pinta as unhas com frequência, recebeu alta hospitalar e o diagnóstico tão esperado. Kimberly está curada. “Existe um Deus que nunca nos abandonou e no dia em que cruzamos o portal de entrada de Santa Isabel eu olhei para ela e disse ‘vencemos o câncer’”, recorda Lucilene.
A mãe ainda faz um alerta aos pais para que fiquem atentos aos seus filhos: “Na aparição de qualquer mancha ou cansaço suspeito, procurem imediatamente uma unidade médica”.
Kimberly ainda não comeu morangos, nem foi a nenhum restaurante Japonês, a restrição ainda faz parte do processo de tratamento que ainda deve se estender por alguns meses. Mas a menina segue vivendo intensamente todos os dias de sua vida com a certeza de que se 2023 começou turbulento, o final foi feliz.