Tchutchuca

por Roberto Drumond

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Roberto Drumond - Editor chefe do Jornal Ouvidor, fala sobre decisões do STF.

Procuro no dicionário da internet o termo “tchutchuca”. A melhor definição que encontrei foi essa: é um adjetivo dado a uma menina para chamá-la de “bonita” ou “gata”, uma forma de dizer que ela é atraente. É uma gíria criada e utilizada no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, onde ficou conhecida através do funk carioca no início dos anos 2.000.

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Essa semana o termo voltou ao noticiário depois que um blogueiro, o Cabo Wilker, utilizou a expressão “tchutchuca” referindo-se a Bolsonaro. Vejo que o jornal francês, Le Figaro, a tentou traduzir e acabou entendendo como “prostituta” do centrão. Um jornal argentino seguiu o mesmo caminho ao contar o entrevero entre os dois ex militares.

Na coluna do jornalista Josias de Souza vejo que Wilker e Bolsonaro tem muito em comum. Ambos deixaram o exército para se infiltrar na política. A diferença de patentes parece ter ajudado mais a Bolsonaro. O Cabo não conseguiu nenhum cargo, embora tenha se arriscado em uma eleição. Aparentemente pretendeu, com a ofensa, ganhar a notoriedade que suas postagens não estão obtendo.

O que me surpreendeu mais é que depois da troca de asperezas e da intervenção da turma do deixa disso, os dois ex militares conversaram como pessoas comuns e se despediram, cada um em busca de seu rumo.

É possível que o Cabo Wilker não tenha tido a consciência exata do que disse quando chamou o Presidente de “tchutchuca do centrão”. O relacionamento entre o executivo e o legislativo, em todos os níveis, tem algo que aos olhos de muita gente pode parecer promíscuo. O entendimento entre eles é fundamental para que haja a governabilidade, e isso só se obtém com a harmonia que, no Brasil, desde tempo imemoriais, tem um ingrediente de cumplicidade. É notório que os partidos do centro exercem o peso de seus votos mediante trocas que beiram, em alguns casos, a promiscuidade.

Mas é assim que o governo funciona. O Presidente, o governador, o prefeito se veem muitas vezes diante de situações em que são obrigados a favorecer alguns políticos em busca de apoio as suas demandas. O que difere é que nem sempre as demandas reivindicadas por membros do legislativo estão voltadas ao interesse público, mas frequentemente de grupos ou de pessoas.

A governabilidade nem sempre é possível com argumentos, infelizmente. E sempre existirão aqueles que, como o Cabo Wilker, quis uma exclusiva com o Bolsonaro e para isso ultrapassou as regras da civilidade e teve como resposta, a mesma ousadia do Presidente que, de pavio curto, se esqueceu de sua posição e também avançou.

Destacou-se as trocas e agressões do diálogo que começou errado, mas pouco se falou do diálogo correto, realizado depois.

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Pedro dos Santos
Pedro dos Santos
1 ano atrás

….tchutchuca não é nada mais nada menos que mulher submissa (basta ver a letra da tchutchuca do Bonde do Tigrão. “vem sentar no colo do tigrão tchutchuca”). Este cidadão, em quem eu votei no segundo turno, não merece nenhum respeito. Responsável pela morte de mais de 600.000 brasileiros.

Bruno Martins
Admin
1 ano atrás

Obrigado pela sua manifestação e interesse em nossos conteúdos Pedro!