Acho que esse é o país do vai e vem, da impunidade que estimula as pessoas a errar tantas vezes quanto a vida lhes permitir. Na quinta-feira passada o Supremo Tribunal Federal condenou, pelo voto de todos os ministros, o ex-presidente da república e ex-senador, Fernando Collor de Mello.
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Essa condenação é consequência da acusação de que ele teria participado de operações criminosas na BR Distribuidora, atuação que teria lhe proporcionado cerca de 29 milhões de reais entre 2010 e 2014.
A primeira estranheza que me ocorre é que ele está condenado a mais de 33 anos de prisão sozinho. Como se fosse ele o único operador de um esquema que foi denunciado por organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Pode ser que outras pessoas venham a ser punidas ainda nesse processo. Mas a rapidez na condenação do ex-Presidente é uma questão a ser avaliada.
E o que causa ainda maior estranheza nessa decisão foi que em 2014 o mesmo STF, absolveu o mesmo Collor de Mello dos crimes de que ele foi acusado em 1991: peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica e que resultaram no seu impeachment. Foram exatos 22 anos depois.
Quando era presidente Fernando foi acusado pelo irmão, Pedro Collor de Mello de permitir a assinatura de contratos fraudulentos com empresas de publicidade entre 1990 e 1992. A denúncia do Ministério Público foi recebida na Justiça comum em 2000. O caso chegou ao STF em 2007 e ficou parado no gabinete da relatora, a ministra Cármen Lúcia, de 2009 a 2013.
Observo que, salvo algumas substituições, são os mesmos personagens que hoje o condenaram com a certeza de que ele, certamente não vai cumprir a ordem de prisão, talvez nem seja necessária a tornozeleira eletrônica já que nesse pais vivemos um faz de conta.
Me surpreende constatar que as punições impostas aos políticos, tal como aos criminosos mais afortunados, não causam nenhum efeito reparatório. São reincidentes contumazes.