PALHAÇADA

por Roberto Drumond

Nikolas Ferreira
Discurso de Nikolas Ferreira, no Dia Internacional da Mulher, gerou revolta entre os deputados que pediram a cassação de seu mandato junto ao conselho de ética da Câmara. Foto: Divulgação Internet

Recebi aqui, no meu grupo de família, uma coletânea de baboseiras ditas por diversos deputados a respeito do dia da mulher. A maioria, simples declarações de machismo chauvinista, mas nenhuma me chocou mais do que a do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) que colocou uma peruca loura e abriu uma verborreia doentia e criminosa.

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A Organização das Nações Unidas divulgou no início dessa semana que 300 anos é a distância que o Brasil está da igualdade entres os gêneros. Isso quer dizer que estamos, em matéria de respeito entre o homem e a mulher (naturais ou por opção), três séculos atrasados e que muito temos de avançar até que possamos nos orgulhar de sermos evoluídos enquanto sociedade.

Vendo a manifestação desse infeliz deputado (que faço questão de grafar com letras minúsculas), sou obrigado a admitir que a ONU tem razão. Espera-se que um representante do povo, jovem e elevado à Câmara Federal tenha, no mínimo, a noção do ridículo. Ao fazer o que fez, esse famigerado, não só desrespeitou todas as mulheres, mas também todos os eleitores que acreditaram nele e o sufragaram. Nem o palhaço profissional Tiririca, em sua passagem pelo Congresso pelo mesmo partido desse infeliz, teve a ousadia de fazer um espetáculo de tamanho mal gosto.

Se pretendia chamar a atenção para si, fazendo o marketing político pelo avesso, acredito que Nikolas se deu mal. Temo apenas que o corporativismo dos políticos não o condene a ter o mandato cassado. Limitem-se a fazer o que fazem: criticam e depois o deixam cair no esquecimento, deixando essa passagem da vida política do indigitado, numa geladeira de modo a, em qualquer momento, exigir dele voto em uma pauta de interesses diverso.

Para mim, o malsinado discurso homofóbico e racista, foi também um desrespeito ao Congresso. A Câmara dos deputados deveria ser vista como um templo onde se constrói as regras e as leis que conduzem uma nação. É justo que tenha a representatividade de todos os segmentos da sociedade, inclusive daqueles que pensam como Nikolas, mas as atitudes devem ser revestidas de respeito a todos os seus membros. E ali, naquele cenário, estavam no dia 8 de março, mulheres, transexuais, homossexuais e pessoas de todas as opções, raças, credos e cor.

É mais do que lamentável. É vergonhoso e espero, sinceramente que a Comissão de Ética dê-lhe a sentença que merece. O fim antecipado de seu mandato.

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