Os fatos desenrolados em Brasília na semana passada foram vergonhosos. Baderneiros, sem nada para fazer, financiados sabe-se lá por quem, invadiram os três poderes com a sanha de destruição a troco de nada.
Ataque em Brasília
- Manifestantes invadem Congresso, Palácio do Planalto e STF
- Financiadores do vandalismo começam a ser identificados, diz ministro
Se pretendiam derrubar um governo, conseguiram exatamente o contrário. O Presidente Lula conseguiu o que eles certamente, menos queriam. A unidade da opinião pública contra os crimes cometidos.
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Aos poucos vai se descobrindo quem pagou a conta para que essa manifestação burra pudesse reunir gente de todos os quadrantes do Brasil. Muito pagaram a conta e, sem dúvida nenhuma, merecem pagar muito mais pelo que fizeram.
Mas algumas observações devem ser levadas em consideração, principalmente com relação ao comportamento de alguns órgão de imprensa. Digo isso porque sou levado a comparar os atos cometidos esse ano com outros, semelhantes, ocorridos no passado.
No movimento “Vem pra rua” por exemplo, surgiram os blacks blocs, uma corte de anarquistas que desafiou as instituições e promoveu quebra-quebra em bancos, lojas e espaços públicos. Em nenhum momento foram taxados de “terroristas”, denominação que, de pronto, apareceu no fim de semana.
Não quero aqui imiscuir em um debate semântico. O que foi feito foi deplorável, tal como as ações do famigerados blacks blocs. Terrorista é quem se utiliza de armas e ações para impor o medo. A quem os manifestantes impuseram o medo? No meu círculo de amizade ninguém tinha medo, tivemos foi raiva. Raiva de ter de pagar a conta de recuperação do precioso acervo existente em Brasília. Dos vidros às obras de arte. De resto, todo o Brasil sabia que aquelas ações desvairadas acabariam assim que alguma autoridade assumisse o comando. E isso aconteceu em menos de cinco horas.
Foi decepcionantes, eu diria, a omissão dos que tinham a responsabilidade de controlar as manifestações. Não digo apenas com relação aos policiais, que somente cumprem ordens, mas em relação aos que têm como missão comandar os órgãos de repressão.
O direito de se manifestar, que serve de argumento para justificar a liberdade democrática não pode ser confundida com a missão de destruir. Democracia é a vontade do povo e deve ser manifestada pelos mecanismos definidos na lei e só é possível a existência da democracia se se cumpre a lei.
Outro ponto que faço questão de mencionar é uma velha regra do direito: todos são inocentes até que se prove ao contrário. A prisão indiscriminada de mais de 1000 pessoas presumiu que todos eram culpados. Alguns já foram soltos, mas passaram pelo vexame de serem taxados de terroristas, mesmo sem terem quebrado um único vidro.
Creio que, para que haja justiça, um dos pontos a ser investigado é o eventual vínculo dos detidos com partidos políticos ou movimentos sociais. Isso trará muita luz ao evento.