A região se destacou nas últimas semanas com o anúncio de campanhas de arrecadação de alimentos, roupas e donativos que ainda estão sendo enviados ao Rio Grande do Sul. Mas foi pensando em ajudar mais que um grupo de moradores de Santa Isabel resolveu viajar ao Estado para somar-se aos milhares de voluntários que, desde o início do mês, estão dispondo de seu tempo e experiência para ajudarem as vítimas das chuvas na maior tragédia climática já vivida pelo povo gaúcho.
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A veterinária Bianca Ferreira e sua assistente, Aline Alvares, bem como o casal, Michelle Kogake e André Almeida, deixaram suas casas em Santa Isabel e viajaram mais de1.190 km nas últimas semanas para Canoas, no Rio Grande do Sul. O objetivo foi ajudar as famílias e todas as vítimas das chuvas com as experiências e formações que possuem nas áreas da saúde.
Elas sentiram, no dia a dia e em lugares diferentes, as faces de uma mesma tragédia. Em cenas descritas como “tristes” e “impactantes”, atuaram entre os mais de 7 mil profissionais de saúde voluntários que, segundo a Secretaria Estadual de Saúde do RS, se inscreveram para cuidar dos feridos e dos milhares de animais impactados pela tragédia.
Bianca e Aline vivenciaram, por sete dias, o cotidiano de um abrigo de animais em Canoas. Elas auxiliaram na entrega de doações feitas ainda em Santa Isabel, realizaram exames, acompanhamento da saúde, aplicação de vacinas, medicamentos e no socorro médico, além do carinho aos animais.
Bianca conta ainda que apenas no segundo dia de trabalho voluntário, no domingo (19), uma forte chuva pegou a todos “de surpresa” e, consequentemente, fez mais vítimas. Segundo ela, só naquele dia, mais de 50 cachorros foram atendidos pelo abrigo em que estavam.
“Muitos tinham sido levados pela correnteza e atingidos por ‘lanças’ de portões, obstáculos ou pelo contato direto com a água suja na luta pela sobrevivência”, lamentou.
Dados da Prefeitura de Porto Alegre indicam que mais de 17 mil pessoas se inscreveram para trabalharem nos abrigos temporários e no socorro às vítimas das chuvas na cidade.
Em comparação com todo o Estado, o número de voluntariados é ainda maior. 468 dos 495 municípios gaúchos sofrem com a chuva que ainda cai sobre a região sul, deixando um rastro de destruição e desabrigados que já chegam a 65 mil.
Para Bianca e Aline, estar na linha de frente impactou o futuro não apenas como profissionais, mas sim como pessoas. “É muito triste ver que pessoas dariam de tudo para ter de volta as casas, bens e as histórias que foram tiradas pelas enchentes”, lamentaram.
A farmacêutica Michelle Kogake também viajou para Canoas junto com o marido André Almeida. Ela tem atuado junto ao Hospital Universitário da cidade desde o dia 20 de maio.
Com mais de 700 caixas de medicamentos e 300 escovas e pastas de dente, arrecadadas em doações isabelenses, eles ajudam, há mais de cinco dias, em plantões hospitalares e no apoio à distribuição de insumos aos abrigos.
O casal comenta sobre a união dos voluntários e residentes na ajuda aos desabrigados. “Vemos que a população está sendo resgatada pelos próprios moradores em barcos. Não teve ajuda da prefeitura ou de outro governo”, afirmou.
Para a Farmacêutica, estar na linha de frente é “gratificante”. Ela descreve os plantões e o apoio como um ato de amor não apenas pela profissão, mas também ao próximo. “Está sendo uma experiência que levarei para o resto da vida”, acrescentou.
Região segue com arrecadações
Arujá e Santa Isabel seguem com suas campanhas oficiais de arrecadação às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. Só em Arujá, o Fundo Social já encaminhou ao estado mais de 64 toneladas de donativos arrecadados na cidade em parceria com a Associação dos Empresariados do Centro Industrial de Arujá (AECIA).
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Já na vizinha Santa Isabel, a Associação Comercial e Industrial (ACISI) com apoio dos Correios segue com a campanha de arrecadação de alimentos e água para o Sul. Nas redes sociais do Ouvidor você encontra os endereços oficiais dos pontos de coleta.