O papel da oposição

Por Luís Carlos Correia Leite

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

A campanha eleitoral desse ano terá um mérito: irá ensinar como se faz oposição. Desde a candidatura de Fernando Henrique Cardoso, na década de noventa, o que tem sido notado durante as campanhas é um jogo de compadres, com o Partido dos Trabalhadores e o então PSDB fingindo serem opositores, quando o que se vê hoje é que são farinha do mesmo saco.

Mas a partir da eleição de Jair Bolsonaro, no ano de 2.018, passou-se a ver o que é oposição de verdade. E o PT, apesar dos estragos eleitorais da Lava Jato, tem mostrado o que é ser aguerrido na arte de destruir o inimigo. O mesmo ocorre com o chamado espectro da direita, que também não os perdoa.

E é para isso que existem as campanhas: trazer à luz o debate político, inclusive ao longo do processo, durante o exercício dos mandatos, como vimos na CPI das Vacinas. E agora, com a prisão do ex-ministro da Educação, em que se percebe o dedo do ativismo do poder judiciário na política, exatamente como ocorreu contra o ex-presidente Lula.

Isso deve servir de lição para as instâncias inferiores da política, como estados e municípios. A oposição tem o dever de estar vigilante, investigando, denunciando, propondo ações judiciais, enfim, cumprindo o seu papel. De nada adianta ficar alisando durante o mandato e, por ocasião das eleições, se apresentar como opção de mudança. Essa política de querer agradar a todos faz o jogo de quem está no poder.

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Mas para isso precisamos de partidos estruturados, e não ajuntamento de interesses. Pode-se falar o que quiser, mas o PT (ou Lula?) tem militância, tem adeptos, que são fiéis. Agora, a direita, com Bolsonaro, também se consolida como um polo político consistente. Prova disso é que, apesar dos bombardeios, o atual presidente não cai dos trinta por cento nas pesquisas.

E por que isso ocorre? Certamente porque tanto o ex-presidente Lula como o presidente Bolsonaro são firmes em suas posições. Têm sal. Não são como esses insípidos agrupamentos, que nada fazem senão correr atrás de cargos, verbas e benesses para se manterem nas posições menores. Políticos firmes, decididos, lutadores, atraem pessoas do mesmo naipe. O mesmo ocorre com os frouxos, carreiristas, bajuladores dos poderosos do momento.

Por isso, é preciso que aqueles que querem ter sucesso nos futuros pleitos comecem desde já a adotar posturas firmes, de lutadores. Que afiem seus facões e partam para a floresta da política dispostos a abrir suas próprias clareiras. O quadro político mundial, como a França, com Marine Le Pen, sucessora do pai, os Estados Unidos, com Donald Trump, vem demonstrando que o eleitorado quer firmeza e atitude por parte dos seus representantes.

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