Violência sem razão

Roberto Drumond - Editor chefe do Jornal Ouvidor, fala sobre a narrativa e a política nacional.

Essa semana chamou a atenção o noticiário indignado sobre a violência perpetrada por alguns policiais. Foram tamanhas que levaram até o governador Tarcísio de Freitas a mudar a sua posição com relação ao uso das Câmaras corporais pelos militares. Humildemente ele admitiu que estava errado quando se pronunciou contra o uso do equipamento.

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Para muitos comentaristas da grande imprensa isso não foi o bastante. Criticaram até mesmo a mudança de posição do Governador como se fosse errado rever decisões e opiniões do passado. Há de se admitir que a exposição de tanta violência por parte de alguns (reforço essa palavra: alguns) policiais é lamentável, assim como é lamentável o aumento da violência entre até mesmo jovens e cidadãos comuns.

Há duas semanas cenas de extrema violência foram gravadas em uma rua de Santa Isabel, diante de uma conhecida casa noturna. Dela saíram ensanguentados alguns jovens e as cenas povoaram as redes sociais como se fossem de uma festa compartilhada por milhares de pessoas.

Foi notícia no Ouvidor

Em outro triste espetáculo, jovens estudantes concentraram seus esforços, após as aulas da manhã, em depredar algumas instalações feitas pela administração municipal na Praça da Bandeira. E, como se estivessem revestidos de algum poder além da intimidação, ainda ameaçaram cidadãos que, munidos de seus celulares, gravavam as cenas certamente para jogar nas redes sociais na esperança de que essas chegassem às mãos das autoridades.

Não sei como interpretar esse comportamento dos jovens, nem como entender a indignação de alguns colunistas ante a violência gratuita de policiais, muito menos o comportamento ultra agressivo de pessoas armadas contra cidadãos indefesos (como no caso dos policiais). Posso apenas imaginar que “há muito mais mistério entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”. E identifico esse mistério como sendo um ódio latente em algumas cabeças alimentadas pelas mensagens estupidas de filmes e de jogos digitais.

Sinto que algo precisa ser feito e não é apenas o treinamento de profissionais dedicados à segurança pública. Sinto que deve ser feito no recanto das casas, nos lares, nos momentos em família alimentada pelo diálogo, pela inteligência e pela tolerância. A meu ver a omissão de pais, a irresponsabilidade de autoridades e até mesmo a falta de instrução moral tem servido de prato cheio para alimentar essa corrente de violência.

Vou defender, no caso de Santa Isabel, a urgência na instalação da guarda municipal, ferramenta que em outros municípios tem sido precioso mecanismo de proteção ao cidadão e aos bens públicos e também, mais rigor na concessão de alvarás para estabelecimentos que não conseguem conter os espíritos mais belicosos.

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