
Independentemente do resultado eleitoral das últimas eleições para presidente da república no país, temos agora uma nova situação política, que não irá mudar. Até a eleição de Dilma Roussef o Partido dos Trabalhadores, devemos reconhecer, era a única força política organizada da nação, tendo como figurante escada (o que ajuda nas comédias) o PSDB, partido que agora, verifica-se, era mera linha auxiliar das esquerdas.
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Primeiramente, o resultado eleitoral deve ser analisado em seu todo, tanto com relação à eleição do novo parlamento, como também com os governos dos estados, em especial, pela sua força econômica, o estado de São Paulo.
A partir de agora, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal serão compostos por novas forças, muitas desvinculadas dos tradicionais hábitos de composição pouco transparentes. Como está acontecendo com a negociação feita pelo presidente eleito Lula visando contornar juridicamente o estouro do orçamento, para suportar as promessas feitas durante a eleição. Dentro desse negócio, sabe-se, já foi engolido pelo PT o até então criticado “orçamento secreto”, além do apoio do partido para a reeleição do atual presidente da Câmara Arthur Lira, antes demonizado pelo então candidato e pela mídia esquerdista auxiliar.
Mas essa negociação é feita com um parlamento que está de saída, com alto índice de renovação. E o presidente eleito Lula sabe que está fragilizado. O falecido presidente Tancredo Neves, quando se referia ao partido de apoio ao governo militar, o PDS, dizia que este era o partido dos grotões, ou seja, do voto de cabresto, das regiões menos desenvolvidas.
Agora, como se viu com a abertura das urnas, esse papel foi transferido para o PT. O PT perdeu feio nas regiões mais desenvolvidas e produtivas da nação. A expressão máxima dessa derrota deu-se em São Paulo, em que foi eleito Tarcísio de Freitas, totalmente desconhecido até então. Uma demonstração de rejeição do eleitorado paulista ao PT e de repúdio das classes mais informados aos comprovados episódios de corrupção desnudados pela operação “Lava Jato”.
A partir de agora o PT passa a enfrentar uma oposição de verdade, independentemente da atuação do presidente que sai, Jair Bolsonaro. É um quadro novo, no qual o presidente eleito Lula não está acostumado a atuar. Mais do que ceder, agora o governo será alvo de severa fiscalização e ataques. Os militantes do PT, que estavam acostumados a perseguir livremente os adversários, com os tradicionais bordões “fora Maluf”, “fora FHC”, “fora Temer”, passarão a ouvir o “fora Lula”. Quem viver, verá.