Um novo quadro

por LUIS CARLOS CORRÊA LEITE

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Independentemente do resultado eleitoral das últimas eleições para presidente da república no país, temos agora uma nova situação política, que não irá mudar. Até a eleição de Dilma Roussef o Partido dos Trabalhadores, devemos reconhecer, era a única força política organizada da nação, tendo como figurante escada (o que ajuda nas comédias) o PSDB, partido que agora, verifica-se, era mera linha auxiliar das esquerdas.

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Primeiramente, o resultado eleitoral deve ser analisado em seu todo, tanto com relação à eleição do novo parlamento, como também com os governos dos estados, em especial, pela sua força econômica, o estado de São Paulo.

A partir de agora, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal serão compostos por novas forças, muitas desvinculadas dos tradicionais hábitos de composição pouco transparentes. Como está acontecendo com a negociação feita pelo presidente eleito Lula visando contornar juridicamente o estouro do orçamento, para suportar as promessas feitas durante a eleição. Dentro desse negócio, sabe-se, já foi engolido pelo PT o até então criticado “orçamento secreto”, além do apoio do partido para a reeleição do atual presidente da Câmara Arthur Lira, antes demonizado pelo então candidato e pela mídia esquerdista auxiliar.

Mas essa negociação é feita com um parlamento que está de saída, com alto índice de renovação. E o presidente eleito Lula sabe que está fragilizado. O falecido presidente Tancredo Neves, quando se referia ao partido de apoio ao governo militar, o PDS, dizia que este era o partido dos grotões, ou seja, do voto de cabresto, das regiões menos desenvolvidas.

Agora, como se viu com a abertura das urnas, esse papel foi transferido para o PT. O PT perdeu feio nas regiões mais desenvolvidas e produtivas da nação. A expressão máxima dessa derrota deu-se em São Paulo, em que foi eleito Tarcísio de Freitas, totalmente desconhecido até então. Uma demonstração de rejeição do eleitorado paulista ao PT e de repúdio das classes mais informados aos comprovados episódios de corrupção desnudados pela operação “Lava Jato”.

A partir de agora o PT passa a enfrentar uma oposição de verdade, independentemente da atuação do presidente que sai, Jair Bolsonaro. É um quadro novo, no qual o presidente eleito Lula não está acostumado a atuar. Mais do que ceder, agora o governo será alvo de severa fiscalização e ataques. Os militantes do PT, que estavam acostumados a perseguir livremente os adversários, com os tradicionais bordões “fora Maluf”, “fora FHC”, “fora Temer”, passarão a ouvir o “fora Lula”. Quem viver, verá.

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