Mal tinha começado o trabalho de limpeza nas cidades do Rio Grande do Sul, incluindo a capital, Porto Alegre, novas inundações voltaram a assombrar os gaúchos. Mas esse tipo de acontecimento não é novidade no estado. Já no ano de 1.941 a região experimentou uma elevação das águas quase igual à de agora. Ao que se sabe, medidas preventivas foram tomadas à época, mas ao longo do tempo negligenciadas, como o sistema de escoamento de águas e comportas ao longo do rio, além da construção do aterro no Rio Guaíba.
Entenda a tragédia do Rio Grande do Sul
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Porém, a negligência maior certamente tem sido a agressão permanente ao meio ambiente, inclusive com adoção de leis que permitiram o avanço de atividades econômicas em áreas de proteção ambiental, tanto nas zonas urbanas como rurais. Tudo tem sido feito no sentido de ocupar áreas urbanas, com a criação de contínuos assentamentos, e as áreas rurais, visando o aumento da produção. O resultado está aí.
E não é só no Rio Grande do Sul que essa farra ambiental tem acontecido. A ocupação do cerrado brasileiro, com a destruição de mata nativa visando o plantio cada vez maior de soja, outros cereais e a criação de gado, certamente está influenciando o regime de chuvas no continente. Exemplo disso foi a seca terrível que ocorreu na região amazônica, em que rios gigantes simplesmente secaram. Ou as tragédias nas regiões serranas de São Paulo e do Rio de Janeiro, com deslizamentos que causaram centenas de mortes.
E na cidade de Santa Isabel? Para quem não sabe, no dia primeiro de fevereiro do ano de 1.965 ocorreram inundações que atingiram a marca de quase um metro na Avenida da República. Caiu uma tromba d’água no bairro do Tevó, deixando uma cicatriz no morro que podia ser vista a quilômetros de distância. Como esse tipo de acontecimento climático é cíclico há grandes chances de voltar a ocorrer.
E, como se sabe, todos os anos isso volta a acontecer, em menor escala. Mas passada a época das chuvas esquece-se do problema e volta-se a incentivar ocupações irregulares – com generosas legalizações – aterros de várzeas, invasão de leitos de rios etc. É preciso reconhecer que a cidade não tem espaço para um crescimento maior. Simples, assim.
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Mesmo porque com as restrições às atividades produtivas não há criação de empregos e novos bairros servirão apenas como dormitórios e causa de ônus sociais, como saúde, educação segurança, entre outros.