Topiaria: arte com a natureza

Sua voz é quase inaudível, principalmente no meio da praça da Bandeira onde, uma vez por semana ele se ocupa da arte que poucas pessoas reconhecem: a Topiaria.

Há trinta anos Dorival Barbosa acompanha o crescimento de árvores e arbustos nas praças de Santa Isabel. Foto: Gustavo Vaquiani - Jornal Ouvidor

A atividade de topiaria se tornou famosa com o filme “Edward – Mãos de Tesoura” que retrata um artista especializado na modelagem de plantas no jardim de um castelo que se transforma em um revolucionário e criativo cabelereiro.

Mas Dorival Barbosa não é nada disso. É simplesmente um tímido e silencioso jardineiro que se dedica a modelar as plantas em algumas praças de Santa Isabel. O trabalho que exerce há 30 anos requer muita paciência. Consiste em escolher as plantas, definir quais galhos serão preservados e acompanhar o seu crescimento ano a ano, conduzindo a folhagem para formar o que se deseja.

Em cidades como Batatais (SP) são atrações há vários anos e lá existem imagens como um crucifixo com Cristo esculpido em uma árvore, elefantes, ursos e até mesmo palavras construídas com galhos e folhagens vivas.

A visão lateral, da rua não oferece a riqueza que é a cuidadosa construção do labirinto de plantas, mas visto do céu o que se vê é o paciente trabalho de modelar os arbustos.

Quem passa pela Praça da Bandeira não se dá conta do desenho de um labirinto formado com plantas verde/amarelas conhecidas como “Gotas de Ouro”. É ali que Dorival passa horas recortando os corredores, desenhando o labirinto e formando cogumelos com o arbusto. Ele conta que era servente quando começou a aprender a arte e aos poucos foi ficando sozinho nesse trabalho, já que os antigos profissionais foram se aposentando e afastando da lida.

Hoje Dorival trabalha sozinho. Ele não se reconhece como um artista, para ele é um trabalho que o alimenta e permite uma vida tranquila na cidade onde nasceu. Uma tesoura, um balde, às vezes uma linha e um serrote, sacos para recolher a poda são as ferramentas que usa para compor o cenário que nem todos observam, pois, na visão normal, pela lateral, não se vê o carinho e a beleza do que ele, silenciosamente, modela com a ajuda da natureza.

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