Nem o frio denso, em que a neblina baixa mais parecia nuvem deitada sobre o chão, nem mesmo as adversidades provocadas pelo isolamento dessa nova onda de casos positivos para Covid-19, nada foi mais forte que a fé. A retomada da tradição dos tapetes de Corpus Christi teve gosto de renovação da vida.
Em Santa Isabel foram produzidos um total de 118 tapetes. E os trabalhos começaram por volta das 4h da manhã, quando os trabalhadores da secretaria de Serviços deram início a movimentação dos sacos de serragem. E na secretaria de Trânsito, uma equipe se preparava para fechar o trânsito na principal avenida da cidade.
É um trabalho de muitas mãos, cada qual traz sua força e uma porção de história e lembranças. Na Cultura, o secretário Roberto Bastos conta que a marcação dos tapetes foi toda feita pela equipe de serviços, que a serragem foi doada e as paróquias ajudaram com material e a coordenação de equipes diferentes de produção.
“Foram tapetes produzidos por famílias, empresários, escolas, equipes de saúde e do Centro de Memória, foi uma manhã para todas as idades e muitos artistas. Após anos de pandemia, celebramos a vida”, disse Bastos.
A magia dos tapetes em Arujá
Em Arujá, o retorno da tradição promoveu um reencontro entre as paróquias. Dos pés da Igreja Matriz no centro da cidade, os fiéis desceram a ladeira da Rua Major Benjamim Franco dando continuidade a exposição de artes produzidas por restos de materiais como borras de café, pó de cal, areia e pó de serra, arrecadados entre as comunidades.
José Marcos da Silva é membro da comunidade Nosso Senhor Bom Jesus, para ele, é muito bom poder retomar a tradição após dois longos anos de paralisações em decorrência da pandemia da Covid-19: “Essa magia é fantástica e nos contagia espiritualmente”, disse.
A exposição dos tapetes terminou após as 14h, quando os fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida realizaram a cerimônia de procissão pelos tapetes até a Igreja Matriz.
Igaratá confraterniza com os tapetes
A principal característica dos tapetes de Corpus Christi em Igaratá sempre foi a simplicidade. Mas antes de começarem os trabalhos a comunidade se reúne defronte à Igreja matriz para um café comunitário.
– Cada um leva um pão, um biscoito, um suco, chá, café, leite e todos compartilham desse momento, sempre muito emocionante. Principalmente depois de uma distância de dois anos por causa da pandemia, conta Gabriel Prianti, um dos mais entusiastas das iniciativas da paróquia.
A procissão reuniu toda a comunidade religiosa que percorreu os quase 500 metros das ruas que circundam a Igreja localizada no ponto mais alto da cidade.