“A situação é crítica e estamos empenhando total esforço para reduzir estes indicadores, identificar e punir os infratores”, quem fala é o secretário de Meio Ambiente de Santa Isabel, João Buosi. Nesta semana, um relatório do Monitor do Fogo, plataforma desenvolvida pelo MapBiomas apontou Santa Isabel como a cidade com a área mais afetada pelas queimadas no Alto Tietê e em toda a Grande São Paulo. Na corrida contra o fogo e o tempo, prefeitura decreta Situação de Emergência e convoca população para denunciar infratores.
A prefeitura publicou, em edição extra do Diário Oficial na última quarta-feira (25), o decreto nº 7.229, que estabelece Situação de Emergência no município pelos próximos 180 dias em decorrência dos sucessivos incêndios florestais ocorridos nos últimos meses.
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O documento leva em consideração o período de estiagem do qual a cidade enfrenta sem chuvas significativas nos últimos 120 dias e o quão prejudicado está o ar pela prática constante de incêndios, em sua maioria ateados de maneira proposital e criminosa.
Os focos de incêndio em Santa Isabel aumentam a cada semana, só nessa a Defesa Civil municipal atuou no auxílio e combate a incêndios de grandes proporções ocorridos no Monte Negro e no Pedra Branca, onde uma área bem próxima ao Parque Estadual do Itaberaba, foi devastada pela queimada que durou quase dois dias.
Divulgado nesta semana, o indicador do MapBiomas, que monitora índice de incêndios florestais em todo o país, apontou Santa Isabel como a cidade da Grande São Paulo, líder no ranking de áreas mais devastadas pelas queimadas, com 443 hectares consumidos pelo fogo de janeiro até agosto. O munícipio ultrapassa cidades como Pirapora do Bom Jesus (294 hectares queimados); Santana do Parnaíba (189); Cajamar (187) e Mairiporã (119 hectares).
Avaliando a região do Alto Tietê, da qual Santa Isabel faz parte com outros dez municípios, os números preocupam ainda mais. O número de áreas queimadas no município nos últimos oito meses, é três vezes mais que Mogi das Cruzes, que teve 115 hectares atingidos pelo fogo e 12 vezes maior que o de Guarulhos onde foram registradas a devastação de 34 hectares no mesmo período.
Ainda de acordo com o levantamento do MapBiomas, mais de 98% dos incêndios ocorridos em Santa Isabel se concentram em áreas de agropecuária. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mapeou em agosto 3.483 focos de incêndio é o maior índice desde 1998 quando a medição começou. Só em Santa Isabel, o Inpe mapeou 180 focos de incêndio até o final de agosto.
Parque Estadual do Itaberaba segue fechado
De janeiro até agora a Fundação Florestal, responsável pela administração do Parque Estadual do Itaberaba, registrou 16 focos de incêndio no parque, os focos com maior incidência foram registrados entre julho e setembro. O incêndio desta semana não ocorreu dentro do parque, mas mobilizou um contingente de 18 combatentes que trabalharam arduamente no controle das chamas para evitar que o fogo atingisse a reserva florestal.
Ana Lúcia Arromba, gestora da Fundação Florestal, explica que o órgão consolidará um mapeando constantemente as áreas afetadas pelos incêndios florestais: “Durante a semana passada, vários focos de queimadas foram registrados na região da Pedra Branca e Barroca Funda com mobilização dos brigadistas da nossa reserva, além de bombeiros civis, militares, técnicos, voluntários, e a Defesa Civil de Santa Isabel. Esperamos ansiosamente a chegada do período de chuvas”, pontuou Ana.
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O Parque Itaberaba é considerado um dos mais importantes corredores ecológicos do estado de São Paulo, com mais de 15 mil hectares de área preservada cortando os municípios de Santa Isabel, Arujá, Guarulhos, Mairiporã e Nazaré Paulista. O Parque preserva importantes remanescentes da Mata Atlântica e várias espécies de animais ameaçados de extinção, além de proteger nascentes de importantes bacias hidrográficas que abastecem o Sistema Cantareira.
Ainda de acordo com a Fundação Florestal, o Parque do Itaberaba permanecerá fechado para visitas e práticas esportivas, até que haja condições climáticas favoráveis e menos riscos para incêndios.
O decreto instituído essa semana pela Prefeitura prevê uma mobilização intensiva da Defesa Civil bem como das demais secretarias municipais e determina que as despesas para tais ações de combate e prevenção contra incêndios ocorra por conta de dotação orçamentária vigente, ficando dispensado as licitações de obras, serviços e compra de equipamentos que vierem a ser necessários ao atendimento da situação de emergência.