Resgate

por Roberto Drumond

Roberto Drumond - Editor chefe do Jornal Ouvidor, fala sobre decisões do STF.

Resgate – Um dos momentos difíceis de qualquer redação de jornal é a definição de pautas. Essa ferramenta é a que rege cada edição: diante dos fatos que ocorrem no dia (nos jornais diários) ou na semana (em jornais ou revistas semanais) avalia-se o que há de mais importante no interesse público para produzir o material que será publicado.

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Nem sempre os fatos nos brindam com valores dignos de nota, é quando buscamos no passado ideias para nos mobilizar e despertar o leitor. Foi o que ocorreu essa semana. Fui ver nas edições de 2018 a cobertura dos fatos que antecederam a Copa do Mundo. Fiquei surpreso. Noticiamos incansavelmente que o país estava verde e amarelo, que nossas cidades estavam enfeitadas de bandeiras do Brasil, fitas nas duas cores, calçadas e pavimento com símbolos exaltando a seleção e vaticinando o hexa.

E esse ano? Encontramos dois locais em Santa Isabel onde os moradores lembraram da data e coloriram as ruas com alguns elementos alusivos à Copa do Catar. Os dois locais foram alvo de nossa visita e constam dessa edição.

Mas a escassez de enfeites e entusiasmo chamou a minha atenção e comecei a refletir sobre o fato chegando a uma triste conclusão. Os tais elementos pátrios foram apropriados por uma ideologia durante a eleição criando um impasse lamentavelmente nocivo ao sentimento de brasilidade.

Caberá aos governantes que assumirem o comando da nação no dia primeiro de janeiro resgatar ao país os seus símbolos. E é preciso que isso seja feito logo, preferencialmente aproveitando o desempenho da seleção brasileira na copa que começa amanhã.

Esse será mais um desafio para o governo que escolheu a cor vermelha como símbolo. Terá de abrir mão desse matiz e adotar o que sempre foi a identidade nacional. O verde e amarelo não é dessa campanha, ao que me lembre, foi a cor dominante nas “Diretas já”, ao lado de inúmeros outros tons, cores e ideologias.

Para vencer esse desafio de resgatar o sentimento, o governo liderado pelo presidente eleito Lula da Silva terá de renunciar à visão partidária à qual ele está identificado e mostrar que quer o Brasil de volta, unido e em paz. Se ao contrário, ele abandonar as cores construídas ao longo dos 200 anos de nossa história, estará definitivamente deixando que outros lancem mão delas, fomentando uma divisão que não fará bem ao nosso presente, nem ao nosso futuro.

O verde amarelo não é de um partido político, é do Brasil.

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