Repetindo incansavelmente

por Roberto Drumond

Bertold Brecht

Acredito que o texto que vou reproduzir hoje seja o que mais publiquei nos 32 anos de história do Ouvidor. É de Bertold Brecht (1898 – 1956), dramaturgo alemão que o escreveu diversas peças teatrais, poesias e textos críticos à sociedade em que viveu. Dizia que aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.

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Brechet tinha uma língua afiada e sua caneta era mais ainda, reproduzia com esmero a sua opinião sobre o povo e o criticava em suas peças teatrais, sempre com temas políticos. Não se pode dizer que se tratava de um intelectual de direita ou de esquerda, mas com certeza era um homem identificado com a política e a sua importância para a sociedade.

Hoje, véspera de da eleição mais importante do Brasil nesse século 21, a mensagem de Brecht está mais atualizada do que nunca. Vemos e ouvimos pessoas que, desgastadas pelo cenário nacional, estufam o peito e dizem odiar a política, se negam a votar ou simplesmente afirmam que anularão o seu voto ou serão omissos, votando em branco. São os analfabetos políticos, tema do pequeno trecho de Bertold Brecht que reproduzo abaixo:

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.”

Aceito que muitas pessoas estejam cansadas desse duelo que só nos dá incertezas. Não vejo naqueles que pretendem assumir a condução do país a competência que gostaria que tivessem. Mas somos obrigados, em nome de nosso futuro, da vida de nossos filhos e netos, a fazer uma escolha confiantes de que somos inteligentes o bastante para apontar a nossa esperança para um dos dois nomes.

Volto a recorrer mais uma vez a Brecht: “Perante um obstáculo, a linha mais curta entre dois pontos pode ser a curva”. E estamos diante do obstáculo que é definir em que direção faremos a nossa curva, para a direita ou para a esquerda, mas somos também sabedores de que o Congresso é quem vai fazer com que o eleito amanhã, se torne de fato o modelo de administrador que ele hoje, promete ser. Hoje temos a história dos dois e nos cabe escolher aquele que queremos que prossiga na condução de nossas vidas.

Para encerrar, mais uma vez vou recorrer a Bertold Brecht: “Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. Inteligência não é não cometer erros, mas saber resolvê-los rapidamente”.

Votemos com a razão, o coração, a consciência e a esperança de que estamos escolhendo o melhor para nós e para todos.

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