Embora pareçam estar muito longe, as campanhas políticas já estão em pleno vapor, com os interessados se intitulando “pré-candidatos”. Porém, é preciso muito cuidado, porque a legislação eleitoral é rígida e tem muita gente de olho. E dentro desse quadro, já temos visto a peregrinação dos interessados pelas igrejas, nesse país em que a religião passou a ter relevante importância para a atividade política.
Em Santa Isabel teve mais do que importância: a religião católica elegeu um padre para o cargo de prefeito, o estimado Padre Gabriel. Pessoalmente, entendo que não foi bom nem para o Padre nem para a cidade. Por isso, é preciso muito cuidado para que a religião, em especial a católica – à qual pertenço e tenho legitimidade para comentar – não se envolva em atividades político partidárias.
Sim, a Igreja também pode e deve se preocupar com a política em seu sentido amplo, como o meio de buscar o bem comum, mas é absolutamente inaceitável que os seus agentes, em especial os padres, bispos e até o Papa, se envolvam na política miúda, apoiando este ou aquele candidato. Primeiro porque tal envolvimento é absolutamente proibido pelo Código de Direito Canônico, sujeitando o clérigo que assim agir às penalidades severas previstas no mesmo Código.
Ademais, porque também na vida profana isso representa claramente um desvio da função religiosa, podendo sujeitar não só seus agentes como a própria Igreja a sérias penalidades, inclusive multas por abuso de poder econômico.
Os templos não podem ser transformados em comitês eleitorais, nem o púlpito em palanque. A política é incompatível com a atividade religiosa. Ela é feita através de partidos políticos, e o nome partido já diz tudo: são divisões na sociedade, visando a busca pelo poder. E nem sempre, especialmente nos tempos em que vivemos, com condutas baseadas na ética e nos ensinamentos cristãos.
Mas, a razão maior dessa proibição é que cabe aos clérigos promover a paz, a concórdia e a união entre os fiéis. É como diz o Salmo : “ Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”. A Igreja precisa estar unida em torno dos ensinamentos cristãos, divulgando a palavra sagrada e incentivando ações que possam tornar o mundo mais justo e fraterno. É muito bom vermos os nossos padres à frente das atividades paroquiais, incentivando os fiéis a participarem das atividades religiosas, a praticarem ações sociais, enfim, tornando vivas as lições do evangelho.
Deixemos a política para os políticos.