Planejamento zero

por LUIS CARLOS CORRÊA LEITE

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Passadas as eleições, com a vitória do ex-presidente Lula, o ato seguinte será a transição do governo, e a divulgação do nome dos futuros integrantes dos ministérios.

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O problema é que o novo (?) governo, ao que parece, não tem um plano de administração. Como vimos durante a campanha, tanto o atual presidente, Jair Bolsonaro, como o futuro, Lula, cuidaram de destruir a imagem do seu opositor, falaram de seus governos passados, mas nenhum apresentou um plano de governo sólido, factível, e politicamente viável.

Tanto um quanto o outro prometeram manter o auxílio Brasil no valor de R$ 600,00, quando se sabia que o orçamento só permitia o valor de R$ 400,00. Também para agradar certos setores, prometeram a redução da carga fiscal, fazendo vista grossa para o fato de que na administração pública nenhuma despesa pode ser feita sem fonte de custeio.

Agora, o primeiro resultado dessa atitude politiqueira é que o presidente eleito, antes de se sentar na cadeira presidencial, já está sentado no colo do parlamento, negociando com os setores que tanto demonizou durante a campanha, o chamado centrão. Irá aceitar, ninguém duvide, o tal “orçamento secreto”, (que já foi rebatizado de “emendas do relator”) e entregará a condução dos ministérios, que cuidam do dia a dia da administração, aos partidos políticos da chamada “base”. Voltando à política franciscana do início da redemocratização, no governo Sarney, do “é dando que se recebe”, e que já resultou no “mensalão” e na “lava a jato”.

O resultado dessa falta de planejamento vimos na última quinta-feira, em que uma fala de Lula provocou a queda da Bolsa de Valores e a alta do dólar. A Bolsa de Valores reflete o ânimo do empresariado para o investimento privado na economia, que gera os empregos, e a alta do dólar, não é preciso explicar, está atrelada ao preço dos combustíveis, dos insumos, ou seja, à alta da inflação.

Mas o presidente eleito, chorando – e ignorando que o PT já governou o país por dezesseis anos – falou que é preciso agora dar aos mais carentes a oportunidade de fazer as três refeições diárias. É injusto dizer que o presidente que sai, Jair Bolsonaro, não cuidou da pobreza no seu governo, até mesmo por imposição do quadro social instaurado pela pandemia do Covid. Foram concedidos auxílios de toda ordem, que permitiram à população o mínimo de dignidade durante a pior situação vivida pelo mundo desde a gripe espanhola, no começo do século vinte.

Por isso, agora, se superado o quadro da pandemia, o novo governo precisa apresentar o quanto antes um plano econômico e administrativo sólido, cuidando de indicar o Ministro responsável pela área econômica, e assumindo o compromisso com a responsabilidade fiscal. A situação agora é outra, com o futuro parlamento integrado por pessoas que não darão folga.

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