Os riscos do uso de combustível adulterado

Em média de cinco a oito carros por mês são atendidos em oficinas e auto elétricas de Arujá e Santa Isabel por problemas relacionados ao uso de combustível adulterado

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Neste centro automotivo, em Santa Isabel, uma média de cinco carros por mês são atendidos por problemas relacionados a combustível adulterado. Foto: Bruno Martins

Certamente você já teve algum problema na hora de dar a partida no seu carro. Ele falhou, engasgou, morreu de repente ou até mesmo perdeu força de aceleração durante um trajeto. Estes são alguns sinais que podem indicar que você está usando um combustível adulterado. Mas como identificar que uma gasolina ou etanol está “batizado”, ou se está sendo enganado na quantidade correta que está pagando na bomba?

Uma média de cinco a oito carros em cada 35 veículos que dão entrada nas oficinas e auto elétrico de Arujá e Santa Isabel apresentam problemas relacionados ao uso de combustível adulterado. Especialistas alertam para o fato de que embora, na maioria das vezes, os sinais sejam básicos, eles podem apresentar um prejuízo grande para os donos de automóveis.

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Proprietário de um auto elétrico especializado em injeção eletrônica no centro de Arujá, Wallace Junior orienta: “Muitas vezes a luz de injeção eletrônica acende no painel. Isso pode ser um sinal de que algo errado entrou no sistema, com isso é fundamental ir imediatamente a uma oficina e retirar todo o combustível, possivelmente adulterado, antes que ele danifique algum sistema da injeção ou até mesmo o motor”, disse.

Em Santa Isabel, o mecânico Jeferson Andrade explica que um dos sinais mais simples para identificar o combustível adulterado é notar a presença de água saindo pelo escapamento, principalmente nas primeiras partidas da manhã. “Essa é uma forma simples, mas também há o risco de o carro apresentar um defeito imediato e vir a parar logo após sair de um posto de abastecimento”, disse.

Em um dos casos atendidos pela oficina, Jeferson conta que o cliente havia acabado de sair da bomba de um posto e seguiu em direção a rodovia Presidente Dutra, mas antes mesmo de acessar a Dutra o veículo parou. “De imediato o motor travou e isso lhe causou um prejuízo grande”, disse.

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Elaine Alves, Alan Cristian e Jeferson Andrade profissionais do centro automotivo, localizado no centro de Santa Isabel. Foto: Bruno Martins

Os profissionais explicam que os prejuízos podem ir desde uma falha no cilindro e entupimento de bicos injetores, cuja substituição pode custar em média de R$300,00 ou até resultar em uma pré-ignição: “Isso acontece no uso de combustível muito adulterado, que pode vir a deteriorar a cabeça do pistão do motor e, a substituição de uma peça como essa, pode vir a custar de dois a cinco mil reais”, explicou Jeferson.

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Jeferson mostra um modelo de catalisador prejudicado pelo uso de combustível adulterado. Foto: Bruno Martins

Reforçando as orientações do colega, o mecânico Alan Cristian ressalta para o fato de que muitos motoristas acabam deixando se enganar por postos que, na maioria das vezes, atraem clientes pelo valor cobrado abaixo do preço praticado no mercado: “Há grandes chances de ser um combustível adulterado ou da bomba estar desregulada, assim sendo, você pode estar pagando por uma quantidade e levando outra. Não é que todos sejam desonestos, mas é recomendável que se desconfie de postos cujo combustível é barato demais”, alertou.

Neste caso, os amigos dão uma dica simples e que pode ser facilmente praticada por todos, o uso de galões. “Todos os postos de gasolina são obrigados a possuir galões próprios para verificação de quantidade de combustível certificados pelos serviços de proteção ao consumidor. Peça a demonstração e só depois de checar, permita o abastecimento. Se você tem vergonha de pedir a demonstração, leve um galão de cinco litros e compre a gasolina ou álcool. A bomba deve indicar a mesma quantidade de combustível que cabe no seu galão”, acrescentou.

Para finalizar, os especialistas dão outra dica bem simples, como evitar abastecer em postos diferentes, procurar um que seja de confiança e sempre solicitar nota fiscal após o abastecimento: “Dessa forma, caso o veículo apresente algum problema relacionado ao combustível, o motorista consegue provar qual foi o último lugar em que abasteceu”.

Fiscalização no combate a adulteração

Autarquia vinculada à Secretaria da Justiça e Cidadania do Governo do Estado de São Paulo, o Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem-SP) fiscalizou, de janeiro a julho deste ano, 4.321 postos de combustíveis no estado e verificou 67.924 bombas de combustíveis, deste total, 2.983 apresentaram alguma adulteração. Neste mesmo período, o órgão emitiu 1.123 autos de infração.

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