Os culpados

por LUIS CARLOS CORRÊA LEITE

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Ninguém pode negar que foram lamentáveis e inaceitáveis os fatos ocorridos no último domingo, com a invasão e depredação das instalações dos prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, em Brasília.

Ataque em Brasília

Por força da lei, impõe-se sim que os crimes cometidos sejam investigados e punidos, não só em decorrência da lei penal vigente como também como exemplo, que é uma das finalidades da política criminal.

O Brasil, independentemente das opções políticas de cada um, quer e necessita de ordem e paz. Mas no caso é preciso que os fatos sejam apurados em suas raízes, mesmo porque, como certa vez ouvi de um importante político, “quando pessoas inteligentes erram demais, podem estar acertando”. E isso se aplica muito bem com relação às invasões.

Até aqui em Santa Isabel sabíamos que mais de cem ônibus estavam a caminho de Brasília para engrossar os protestos em andamento e que – é importante ressaltar – já tinham resultado em violência. Embora caiba à Polícia Militar do Distrito Federal a manutenção da lei e da ordem, é obvio que o esquema de segurança deveria ter previsto o pior.

E o governo do presidente Lula, que já havia assumido há uma semana – depois de sessenta dias de planejamento! – deveria sim ter preparado um plano de segurança, em especial com relação às áreas federais. Afinal, quem conhece Brasília sabe que o entorno do Palácio do Planalto, onde o presidente da República exerce suas funções, é – ou parece ser – vigiado por efetivos do Exército Nacional, componentes do Batalhão da Guarda Presidencial. Compõem também os conhecidos e históricos “Dragões da Independência”.

A par disso temos grande efetivo da Polícia Federal, sempre muito eficiente no cumprimento de ordem judiciais, desde a prisão do presidente Lula e do ex-presidente Michel Temer até a não muito futura – ninguém duvide! – prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso sem falar nos órgãos de segurança vinculados à presidência da República.
Porém, no dia dos fatos, quando a Capital Federal estava prestes a enfrentar grande turbulência social e política, estava todo mundo alheio. Até o presidente Lula aproveitou para visitar a cidade de Araraquara. O Secretário da Segurança do Distrito Federal assumiu e dois dias depois entrou de férias. Que moleza! Ou seja, a Capital estava acéfala, sem comando.

Certamente os chefes militares estavam nos clubes às margens do Lago Paranoá tomando cerveja e falando dos feitos do Flamengo. Agora, que deu a maior merda da história do Brasil, buscam-se os responsáveis, e a culpa recaiu… no mordomo, no caso o infeliz governador do Distrito Federal. Ora! O governador não poderia ter empunhado a espada e partido para o comando das operações. Mas os generais deveriam ter ficado atentos. Repito: Brasília é área federal por excelência. Da mais alta relevância para a segurança nacional e para as instituições, como se viu.

Não se pode esquecer que o Brasil vive outros tempos na política. Acabou o “paz e amor”. Isso já está ocorrendo desde a tentativa de assassinato do então candidato Jair Bolsonaro, que foi creditada a um ato isolado, mas que foi ignorada pelo mesmo TSE, hoje tão operante. Até o presidente Lula está com a pulga atrás da orelha…

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