O silencioso mundo dos ‘Guardiões das Palavras’

Na Série Profissões, o bibliotecário Adelson de Souza relembra sua história e comenta as visões para o futuro de sua profissão

Adelson Jesus de Souza
Adelson ao lado de um de seus livros favoritos: O Pequeno Príncipe. Para o Bibliotecário, o livro ensina a valorizar o respeito, amor, solidariedade e o sentimento do outro.

Sempre atentos aos diferentes gostos, estilos e a variedade de “mundos” existentes dentro de uma só mente, os bibliotecários seguem observando a vida dos amantes da literatura e os novos olhares que passam pelas bibliotecas de todo o mundo. É o caso de Adelson Jesus de Souza, que há 23 anos, organiza, vivencia e acompanha a mudança da Biblioteca Municipal Maria Helena Marcondes, em Santa Isabel.

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Aos 59 anos de idade, Adelson relembra que o mundo da leitura tomou conta dele em 1992 quando, graças a oportunidade de estudar filosofia em Brasília, optou por trabalhar como assistente em uma biblioteca no Distrito Federal.

Além de filósofo graduado, a experiência no ofício levou Souza a também se tornar Técnico em biblioteconomia, responsável pela organização, conservação e a utilização da informação, documentos e materiais bibliográficos. Nesse trabalho viveu em Brasília por alguns anos.

Adelson conta que a virada em sua vida ocorreu em 1999 quando, devido a um problema familiar, teve que retornar à Santa Isabel: “Eu voltei, pois, minha mãe estava passando por problemas de saúde, meus irmãos que ficaram aqui em Santa Isabel também estavam com dificuldades, então eu vim para ajudá-los”, comentou.

No mesmo ano se inscreveu para o concurso público do município e foi aprovado para trabalhar na Secretaria de Educação. Pouco tempo depois, em 2001, começou a ocupar as funções de Bibliotecário e Técnico em Biblioteconomia, os quais trilha até hoje: “Eu já tinha experiências na área, e me chamaram para trabalhar na Biblioteca Municipal. Quando eu cheguei, era um ‘porão’ de livros. Conseguimos organizar, catalogar os bens culturais com a ajuda de toda a equipe”, disse.

Ele ressalta que antigamente a movimentação no local era muito maior, pois a tecnologia ainda era muito recente, e também relembra que a “bagunça organizada” na Biblioteca era marcante: “Entre 2001 a 2009, recebíamos cerca de 350 pessoas por dia, porque as pessoas vinham fazer seus trabalhos aqui, já que a internet ainda estava começando. Muitos ainda não tinham computadores, e nós já acompanhávamos a implementação da tecnologia no mundo literário.

Ao recordar das duas décadas em que sentiu a Biblioteca, Adelson lembra de como vivenciou a mudança de cada pessoa que passou por lá, e de como é grato pela experiência: “Me sinto muito feliz em saber que muitos que passaram pela Biblioteca se tornaram médicos, mestres… Eu os acompanhei durante todo o Ensino Médio, e continuo acompanhando até os dias de hoje. É um trabalho muito gratificante”, destacou com felicidade nos olhos.

Ele reconhece como a tecnologia facilitou o acesso à leitura, e questionado sobre o futuro de sua profissão – em meio à ascensão dos “totens interativos”, “buscadores automáticos”, Adelson afirma não ter medo algum, pois os bibliotecários sempre estarão adequados às renovações: “Na digitalização, na vida da internet, a tecnologia vem para enriquecer o trabalho”.

O Técnico em Biblioteconomia também reforça que a Biblioteca é o marco para as pessoas se encontrarem e falarem de si mesmas, e os profissionais responsáveis pelo espaço fazem a diferença: “O maior centro da evolução é chegar em uma pessoa e ver as informações de vida que ela tem para mostrar. Assim, podemos ajudar e direcionar o caminho que quer traçar”.

Adelson Jesus de Souza deixa, em sua mensagem para as novas e futuras gerações, o alerta: “Se você quer ser um agente que faz a diferença na sociedade, procure, por meio dos livros, da internet… os caminhos do bem”.

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