Nenhuma pergunta é tola. Lembro-me claramente de dizer isso a todos os focas (novatos de jornalismo) por aproximadamente 10, dos 15 anos em que trabalhei no Jornal Ouvidor.
Ser parte da imprensa permitiu-me ver de perto como a sociedade é motor primeiro daquilo que (1) impulsiona a vida e (2) o que a consome, devorando tudo por dentro. O Jornal deu-me doses de uma realidade crua e de um universo de possibilidades incríveis…
Então, sem mais delongas e filosofias respondo: O que é o Ouvidor? – É um meio de comunicação, onde aprendi muito e amadurei demais.
O Ouvidor nunca vai agradar a todos, nunca será completamente livre de críticas e está sempre no meio de imensa carga de pressões e mudanças sociais.
O jornal é “MEIO” e não o fim.
Portanto, o Ouvidor representa seu entorno, revela o que há de bom e ruim nas cidades e isso incomoda pra caramba!
Alguns dirão que é “porque a mídia é isso e aquilo…” discurso entorpecido por uma extrema direita muito mais embasada na falta de clareza, que na vivência do fazer jornal.
A imprensa, tal como é, é feita por quem também paga conta, pega ônibus dia sim e outro também, quem leva filho na creche e torce pro salário chegar ao fim do mês. Somos pessoas reais, com necessidades reais.
E o texto tem vida e, uma centena de vezes, exige daquele que escreve milhares de renúncias, de coisas que mal ouso descrever: da casa sempre arrumada, da presença em família nos dias de plantão, da alimentação saudável das horas certas, da segurança própria em detrimento da pauta…
A gente quer o bonito, quer dizer que foram só flores depois de anos pisando em tantos espinhos! Mas eu gosto do gosto do real. Aprendi aí mesmo que é assim que se faz um bom jornal.
Hoje penso que o jornalismo me permitiu ser uma pessoa melhor e foi o Ouvidor quem me convidou para entrar nesta carreira.
Tenho saudades de vocês, os leitores. Obrigado pela jornada incrível.
E parabéns ao Jornal pelos seus 33 anos.
Érica Alcântara – Lisboa / Portugal