O golpe da república

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Apesar do repúdio que alguns setores da nação manifestaram contra a suposta tentativa de golpe da república ocorrida no final do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a nação comemorou no último dia 15 o primeiro golpe de estado perpetrado contra as instituições democráticas no Brasil. Sim, o que ocorreu no dia 15 de novembro de 1.889, com o militar Deodoro da Fonseca montado, com dificuldade, em seu cavalo e “proclamando” a República, nada mais foi do que um golpe.

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A nação brasileira vivia, então, na mais absoluta normalidade democrática, tendo como Chefe de Estado o Imperador Dom Pedro II, que reinava há quase cinquenta anos e, apesar dos problemas, vinha se desenvolvendo e era um dos países mais respeitados à época. Dom Pedro II era reconhecido como um dos mais cultos e preparado governante à época. Na metade do seu reinado houve um notável incremento da rede ferroviária no Brasil, que nos anos sessenta foi abandonada em favor da implantação de uma mentalidade rodoviarista.

O então Imperador viajava pelo Brasil e, quando de sua visita à cachoeira de Paulo Afonso, na então Província da Bahia, já notou o potencial energético do local. Também foi do Imperador Dom Pedro II a primeira ideia sobre a transposição do Rio São Francisco, para a irrigação das áreas desertificadas do Nordeste brasileiro. E, quando em visita a uma exposição nos Estados Unidos, teve contato com a recente invenção do telefone, que logo trouxe para o Brasil. O Imperador era admirado pelos estadunidenses.

E a atual situação econômica do Brasil, que é um dos países que mais tem reservas cambiais, em grande parte proporcionadas pelas exportações de grãos? Certamente deve-se ao incentivo que o monarca deu para a fixação de imigrantes alemães, e depois italianos, no sul do Brasil. Sim, estes não só trouxeram novos hábitos como desenvolveram a indústria e a agricultura no país. E depois, com a dificuldade de obter novas terras, partiram em direção ao Centro Oeste, criando essa máquina de obter divisas.

Mas, como agora, um grupo de militares ativistas tramou contra a estabilidade do Império e se aproveitou do prestígio do Marechal Deodoro para dar o golpe e instituir essa República que só tem dado problemas ao Brasil. E depois, em 1.930, com a desculpa de que as eleições foram fraudadas – essa história é velha! – Getúlio Vargas deu outro golpe, instaurou uma ditadura que durou quinze anos, e perseguiu pessoas, prendeu adversários políticos, aliou-se ao nazismo de Hitler (veja-se a deportação para a Alemanha de Olga Prestes, grávida de uma filha brasileira).

Nesse momento em que a nação brasileira parece querer acertar as contas com o passado, inclusive retirando homenagens, seria muito bom que esses e outros fatos históricos até hoje desconhecidos pela maioria da população – e da juventude principalmente – fossem revisitados.

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