O declínio da advocacia

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Apesar do sucesso de público da 24ª Conferência Nacional da Advocacia Brasileira, realizada na cidade de Belo Horizonte, não se pode negar o declínio da OAB como órgão representativo da sociedade brasileira. Quanto mais cresce o número de advogados no país – dentro de um mercado de trabalho já visivelmente saturado – mais a OAB se expande como órgão de classe, criando representações junto às subseções, os mais diversos serviços, como livrarias, assistência médica, e até mesmo espaços de trabalho, os chamados coworkings. Tudo isso, é obvio, à custa de anuidades cada vez mais onerosas para o conjunto da advocacia.

Mas o problema é que à medida em que a OAB se expande como um verdadeiro “sindicatão”, vem perdendo, a olhos vistos, a importância política e o prestígio que sempre teve junto à população brasileira. Foi-se o tempo em que a OAB saía às ruas para protestar, para encabeçar movimentos pedindo até mesmo a deposição de governantes. E a situação piorou após o alinhamento político da entidade com os movimentos de esquerda visando ao combate ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para tanto a OAB apoiou até mesmo os visíveis desmandos do Ministro Alexandre de Moraes, que agiu – e tem agido ainda – como verdadeiro dono da justiça brasileira.

O resultado é que agora, quando alguns setores da advocacia começam a sentir os efeitos do empoderamento do Ministro Moraes, com cerceamento do direito de defesa, proibição das sustentações orais em julgamentos, as queixas da advocacia começam a aparecer.
E tal situação, ninguém duvide, vai se expandindo pelo país. Recentemente o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo enviou projeto de lei para a Assembleia Legislativa – que foi aprovado – aumentando o valor das custas processuais, o que irá, na prática, impedir o acesso à Justiça até mesmo à classe média. A presidente da OAB no Estado, Patrícia Vanzolini, até que tentou fazer uma pressão sobre os deputados, mas sua figura apagada nada conseguiu.

Longe vai o tempo em que a OAB paulista controlava a Secretaria da Justiça e a de Segurança Pública. Em que os presidentes nacionais eram os prestigiados Raymundo Faoro ou Bernardo Cabral, este depois relator da Assembleia Constituinte. Ou em que o também ex-presidente da entidade, o advogado Márcio Thomaz Bastos, era a voz mais ouvida nos dois primeiros mandatos do presidente Lula. Agora, quem indica os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça é o Ministro Alexandre de Moraes. Que, em recente julgamento, debochou publicamente da OAB.

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