Vivemos a pior crise climática e eventos de queimadas de todos os tempos. Enfrentamos forte período de estiagem em boa parte de nosso território, principalmente no Pantanal e na Floresta Amazônica, os quais apresentam recorde de focos de incêndios.
O estado de São Paulo tem registrado incêndios orquestrados como nunca visto. Nossa capital chegou a ser considerada a cidade com a pior qualidade de ar do mundo! Vídeos sobre queimadas em Arujá, Santa Isabel e outras cidades do Alto Tietê tem se espalhado pela internet. Imagens chocantes de pessoas ateando fogo em áreas verdes Brasil afora e vídeos muito fortes de animais lutando pela sobrevivência.
Foi notícia no Ouvidor
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Perda de florestas, mortes de nossos animais silvestres, mortes de cidadãos por doenças respiratórias, prejuízos às plantações com perspectiva de aumento de preços de alimentos, diminuição dos reservatórios de água e aumento nas contas de energia, dentre outras mazelas. É um efeito cascata nefasto. O que dizem os cientistas, os órgãos de segurança e inteligência e os ambientalistas?
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, o Brasil apresenta atualmente 200.013 focos de queimadas! Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças climáticas (MMA) e INPE uma elevada porcentagem dos incêndios ocorre em áreas particulares e cerca de 90% dos focos de incêndios estão associados ao desmatamento, ou seja, seriam criminosos e não naturais.
Estados da Amazônia e Pantanal ocupam o topo do ranking das queimadas, mas São Paulo encontra-se infelizmente em nono lugar com 7.296 focos atuais. Ainda segundo o INPE em 2024 aproximadamente 225 mil Km² de vegetação já foram perdidos por queimadas, um valor muito elevado.
O governo federal através do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e em conjunto com outros ministérios e órgãos de justiça tem realizado uma série de ações para enfrentamento, como criação de medidas provisórias que aumentam a punição para infratores, aumento de brigadistas em campo e sala de acompanhamento com tecnologias pertinentes, dentre outras medidas. Os números apresentados para Amazônia e Pantanal tem demonstrado certa efetividade, porém abaixo do necessário.
O ministro do Supremo tribunal Federal, Flávio Dino, determinou que os municípios da Amazônia expliquem os focos de incêndio, uma vez que quase 90% dos focos se concentram em 20 municípios, os quais se encontram também na lista dos que mais desmatam na Amazônia, apontando para a forte relação entre desmatamentoe queimadas.
E em nossa região? Secretarias de Meio Ambiente e Corpo de Bombeiros tem atuado com muita dificuldade, haja vista a clara orquestração das queimadas em sua maioria criminosas e, supostamente, predominantemente atreladas à grave problemática de grilagem de terras em nossa região. Há necessidade urgente de criação de comissões interdisciplinares nos municípios para discutir a problemática ora apresentada sob uma perspectiva de ações transversais, incluindo participação de representantes da sociedade civil e ao mesmo tempo alinhadas com ações estaduais e em nível nacional.
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Sempre existiram eventos de secas e queimadas e há muita conspiração e exagero? De fato, a situação é muito grave e precisamos que as autoridades competentes e que a sociedade atue fortemente para o bem dessa e das futuras gerações? Espero que esse texto, estimado leitor, atue como um “pontapé inicial”, contribuindo para reflexões pautadas em mais leituras e pesquisas em fontes seguras e fidedignas.
Cleuton Lima Miranda é professor, biólogo e pós-doutor em Biodiversidade e Conservação. No Ouvidor ele divide a coluna sobre mudanças climáticas e meio ambiente com o também biólogo Renon Andrade.