O Brasil arde em chamas: a emergência climática e o recorde de focos de queimadas

Queimadas
Um incêndio de grandes proporções atingiu área próximo ao Parque do Itaberaba nesta semana e mobilizou 18 combatentes.

Vivemos a pior crise climática e eventos de queimadas de todos os tempos. Enfrentamos forte período de estiagem em boa parte de nosso território, principalmente no Pantanal e na Floresta Amazônica, os quais apresentam recorde de focos de incêndios.

O estado de São Paulo tem registrado incêndios orquestrados como nunca visto. Nossa capital chegou a ser considerada a cidade com a pior qualidade de ar do mundo! Vídeos sobre queimadas em Arujá, Santa Isabel e outras cidades do Alto Tietê tem se espalhado pela internet. Imagens chocantes de pessoas ateando fogo em áreas verdes Brasil afora e vídeos muito fortes de animais lutando pela sobrevivência.

Foi notícia no Ouvidor

Perda de florestas, mortes de nossos animais silvestres, mortes de cidadãos por doenças respiratórias, prejuízos às plantações com perspectiva de aumento de preços de alimentos, diminuição dos reservatórios de água e aumento nas contas de energia, dentre outras mazelas. É um efeito cascata nefasto. O que dizem os cientistas, os órgãos de segurança e inteligência e os ambientalistas?

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, o Brasil apresenta atualmente 200.013 focos de queimadas! Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças climáticas  (MMA) e INPE uma elevada porcentagem dos incêndios ocorre em áreas particulares e cerca de 90% dos focos de incêndios estão associados ao desmatamento, ou seja, seriam criminosos e não naturais.

Estados da Amazônia e Pantanal ocupam o topo do ranking das queimadas, mas São Paulo encontra-se infelizmente em nono lugar com 7.296 focos atuais. Ainda segundo o INPE em 2024 aproximadamente 225 mil Km² de vegetação já foram perdidos por queimadas, um valor muito elevado.

O governo federal através do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e em conjunto com outros ministérios e órgãos de justiça tem realizado uma série de ações para enfrentamento, como criação de medidas provisórias que aumentam a punição para infratores, aumento de brigadistas em campo e sala de acompanhamento com tecnologias pertinentes, dentre outras medidas. Os números apresentados para Amazônia e Pantanal tem demonstrado certa efetividade, porém abaixo do necessário.

O ministro do Supremo tribunal Federal, Flávio Dino, determinou que os municípios da Amazônia expliquem os focos de incêndio, uma vez que quase 90% dos focos se concentram em 20 municípios, os quais se encontram também na lista dos que mais desmatam na Amazônia, apontando para a forte relação entre desmatamentoe  queimadas.

E em nossa região? Secretarias de Meio Ambiente e Corpo de Bombeiros tem atuado com muita dificuldade, haja vista a clara orquestração das queimadas em sua maioria criminosas e, supostamente, predominantemente atreladas à grave problemática de grilagem de terras em nossa região. Há necessidade urgente de criação de comissões interdisciplinares nos municípios para discutir a problemática ora apresentada sob uma perspectiva de ações transversais, incluindo participação de representantes da sociedade civil e ao mesmo tempo alinhadas com ações estaduais e em nível nacional.

Sempre existiram eventos de secas e queimadas e há muita conspiração e exagero? De fato, a situação é muito grave e precisamos que as autoridades competentes e que a sociedade atue fortemente para o bem dessa e das futuras gerações? Espero que esse texto, estimado leitor, atue como um “pontapé inicial”, contribuindo para reflexões pautadas em mais leituras e pesquisas em fontes seguras e fidedignas.

Cleuton Lima Miranda é professor, biólogo e pós-doutor em Biodiversidade e Conservação. No Ouvidor ele divide a coluna sobre mudanças climáticas e meio ambiente com o também biólogo Renon Andrade.

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