Mundo dividido?

por LUIS CARLOS CORRÊA LEITE

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

O debate sobre a polarização de ideias tem sido o que mais ocorre nos meios de comunicação. Parece que a humanidade não está entendendo o processo que acontece na sociedade moderna. Certamente em razão das facilidades proporcionadas pelos meios de comunicação – que antes da internet eram controlados por pequeno número de empresas, as quais conduziam a opinião pública – temos hoje a possibilidade de acesso por grande parte da população aos mais diversos canais de opinião.

Foi notícia no Ouvidor

Assim, qualquer declaração ou fato político, econômico e até mesmo esportivo passa a ser objeto de debates por todos os segmentos da sociedade, inclusive os leitores, que agora são integrantes ativos das discussões, através dos meios proporcionados pelas redes sociais. Então o que parece estar ocorrendo não é uma divisão da sociedade moderna, mas sim um processo de definição de ideias e posições sobre as mais diversas questões postas em discussão.

E em decorrência disso vemos também que, mais do que nunca, os protagonistas da sociedade passaram a prestar total atenção às reações da população, que são medidas não só por institutos de pesquisas, mas também por meios de aferição pelas próprias redes sociais. Daí a importância que se passou a dar aos chamados influenciadores, que conseguem o que antes era denominado de “fazer a cabeça” das pessoas.

Assim, dentro desse processo de definição de opiniões temos visto o crescimento de determinadas correntes políticas como a chamada direita conservadora. É óbvio que esta sempre existiu, mas naquele mundo antigo o que prevalecia era a indefinição hipócrita, chamada de moderação. Eram políticos do discurso bonito, que falavam, falavam e não diziam nada. Exemplo foi o PSDB, partido do muro, que ora estava com a esquerda, ora com a direita.

Mas o que se viu na França durante as últimas eleições para o parlamento, com o crescimento da direita liderada por Marine Le Pen, ou o que está ocorrendo nos Estados Unidos, com o discurso nacionalista de Donald Trump empolgando diversos setores do país, o presidente da Argentina, Javier Milei e até mesmo com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil é a nova realidade política e social do mundo. Um mundo que se define e abandona o morno.

E isso não ocorre somente na sociedade laica. Também no mundo religioso – que tem inegável influência em todos os setores da sociedade – o que temos visto é um crescente processo de definição de posições, com o consequente aumento da presença das pessoas na vida das instituições.

Dentro do segmento cristão sempre tivemos os evangélicos como modelo de participação na vida das igrejas, mas agora também na Igreja Católica podemos perceber o vigor desse movimento de definição em torno da fé e dos valores do catolicismo.

É um mundo novo e é bom todos irem se acostumando.

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