Dentre as cores das campanhas que ocorrem em abril, destaque para o Lilás, no qual a campanha Abril Lilás está voltada para à conscientização e prevenção do câncer de testículo, doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o tumor mais frequente entre homens de 20 a 40 anos, ou seja, em idade produtiva, e o 2º mais comum entre adolescentes entre 15 e 19 anos, ficando atrás apenas da leucemia.
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Dados exclusivos do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da saúde e obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia mostram que mais de 60% das mortes pela doença acomete jovens adultos. A Sociedade Americana de Câncer, inclusive, afirma que 1 em cada 250 homens serão acometidos pela doença ao longo da vida.
Entre 2010 e 2020, cerca de 4 mil homens morreram em decorrência do câncer de testículo, e apenas 816 tinham mais de 50 anos – faixa etária de maior prevalência dos tumores urológicos. O médico urologista Heleno Diegues Paes explica que a principal explicação para comprometer principalmente os homens mais jovens é pelo fato de ser um tumor originado de células que têm um grande processo de multiplicação, que são as células germinativas. A maior atividade dessas células ocorre justamente no adulto jovem, que está no auge da sua capacidade reprodutiva.
“Como são células que se multiplicam com grande frequência e intensidade, esse tipo de câncer geralmente aparece como um nódulo no testículo de crescimento muito rápido. Alguns homens não têm uma percepção muito boa do seu genital e acabam, às vezes, descobrindo o tumor quando tem alguma pancada ou uma dor súbita”.
O principal fator de risco para essa doença é uma situação chamada criptorquidia, onde algumas crianças, no desenvolvimento embrionário, não têm a descida completa dos testículos até a região da bolsa escrotal. Dessa forma, o testículo é encontrado na região das virilhas ou dentro do abdome.
“Algum histórico de trauma, o uso materno de estrogênios e também se o homem já tem algum tipo de atrofia testicular, que pode sugerir alteração celular, também pode aumentar a chance de desenvolver o tumor”, explica Heleno.
A prevenção do câncer de testículo, na verdade, não existe. A principal medida que impacta na sobrevida é o diagnóstico precoce. Por isso, é fundamental realizar a palpação rotineira dos testículos, procurando um médico urologista caso observe alguma nodulação que não existia ou que vem crescendo. Felizmente, é uma doença com bom prognóstico, com taxas de cura ultrapassando os 90%.
E para o auto exame, Heleno ressalta uma curiosidade importante. “Muitos homens acham que no escroto só existe o testículo, mas isso não é verdade. Existem outras estruturas dentro do saco escrotal e alguns homens comparecem em consulta para averiguação, com receio de estarem com câncer. Atendo muitos homens que apalparam alguma coisa que julgaram estranha e normalmente são estruturas naturais. Mas, de fato, é prudente ir ao médico nessa situação”.
O tratamento tem basicamente duas etapas. Quando o testículo é comprometido pelo tumor, ele precisa ser retirado imediatamente. O paciente passa por uma cirurgia chamada orquiectomia radical, onde o médico faz uma incisão, geralmente pela virilha, e remove ali todo o testículo comprometido e o cordão espermático. É importante destacar que a retirada de um testículo não interfere necessariamente na capacidade de ter filhos, pois o testículo remanescente permanece funcionante.
A segunda etapa do tratamento é determinada pela análise do tumor no exame anatomopatológico e pelos exames de estadiamento, onde é vasculhado o corpo à procura de metástases. De acordo com os resultados, poderá ser preciso fazer a quimioterapia ou a radioterapia que, segundo o especialista, têm resultados excelentes. “É um tipo de quimioterapia capaz de promover a cura”.
Para Heleno Paes, a mensagem principal é não demorar para buscar ajuda médica. Como é um câncer de crescimento rápido, quanto antes for iniciado o tratamento melhores serão os resultados. “Apesar de apresentar taxas de cura muito boas, existem pessoas que acabam morrendo. Portanto, homens e meninos, palpem seus testículos. Se perceberem algo estranho, procurem um urologista”.