Menopausa: Médica destaca a importância do olhar sobre metabolismo ósseo

Especialista explica sobre o uso de terapias que ajudam na reposição hormonal durante a menopausa e chama atenção para a adoção de dietas restritivas que prejudicam no metabolismo ósseo

MENOPAUSA
A entrevista completa com Dra. Maria Lucia pode ser conferida no Canal do Ouvidor no Youtube. 

Ondas de calor intenso, suores noturnos e mudanças de humor que oscilam entre ansiedade e angústia. A menopausa traz uma série de sintomas que antecedem o diagnóstico médico para a condição que atinge, em sua maioria, mulheres de 45 a 55 anos, mas também pode vir precocemente. A fim de esclarecer os mitos e verdades sobre o assunto, o Jornal Ouvidor promoveu em seu programa uma entrevista com a endocrinologista Dra. Maria Lucia Fleiuss Farias que também atua como diretora científica da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO).

A especialista explicou sobre o uso de terapias que ajudam na reposição hormonal a mulheres que chegam no último ciclo menstrual, ou pausa da menstruação, também conhecida como menopausa. Dra. Maria Lucia ressalta ainda que para considerar oficialmente que uma paciente entrou na menopausa, é necessário estar pelo menos a um ano sem menstruar.

“A menopausa natural é o momento da vida em que os ovários estão programados a não mais produzir hormônios, dentre eles o estrogênio. Antes dos 40 anos, ela pode ser considerada uma menopausa precoce, onde a mulher deve sempre iniciar o tratamento para a reposição dos hormônios femininos e assim buscar reverter os efeitos que a condição pode trazer a ela”, explica a médica.

De acordo com Dra. Maria Lucia, o principal hormônio a ser reposto pela mulher durante a menopausa, é o estrogênio: “Esse hormônio é responsável por nutrir o organismo e inclusive os ossos, sua ausência provoca a proliferação da parte interna do núcleo chamada endométrio. Existem vários esquemas de reposição de hormônios que vai de caso a caso”, ressalta.

 

A especialista destaca principalmente a importância do olhar sobre metabolismo ósseo nessa fase. “A deficiência de estrogênio durante a menopausa leva a perturbações nos processos de renovação óssea. O ciclo normal de regeneração óssea é prejudicado, causando aumento da reabsorção óssea sem reposição adequada. Ao longo do tempo, esse desequilíbrio resulta no desenvolvimento de osteoporose, caracterizada por ossos enfraquecidos e porosos, propensos a fraturas mesmo com impactos leves”, explica.

Ainda de acordo com a endocrinologista, a deficiência de estrogênio durante a menopausa interfere com o aproveitamento de nutrientes essenciais ao osso, como o cálcio, o fósforo e a vitamina D. Mudanças na microbiota intestinal após a menopausa contribuem para esses distúrbios.

“Embora a ingestão calórica possa precisar de ajustes devido às mudanças metabólicas durante a menopausa, há uma preocupação com as mulheres que adotam dietas restritivas, especialmente aquelas que optam por estilos de vida veganos ou vegetarianos (excluindo ovos e lácteos). Leites vegetais precisam ser enriquecidos em cálcio para atingir o teor adequado deste nutriente. É importante ter uma dieta equilibrada, incorporando proteínas tanto de origem animal quanto vegetal. Dietas restritivas, incluindo eliminações desnecessárias como a lactose podem afetar adversamente a saúde óssea e o bem-estar geral”, diz.

Como prevenir a osteoporose? Considerar a reposição dos hormônios femininos, que evitam todas essas alterações enquanto são mantidos. Além disso, para prevenir a osteoporose, é preciso investir em:

– Cálcio: É um importante componente de nosso esqueleto, e cerca de 99% desse mineral fica nos ossos, que funcionam como um reservatório para manter os níveis de cálcio no sangue — essencial para a função saudável de nervos e músculos. Alimentos e bebidas à base de leite são as principais fontes de cálcio para saúde dos ossos.

– Exercício físico regular: Praticado regularmente, o exercício físico ajuda o corpo a manter uma boa massa óssea e os músculos fortalecidos contribuem para uma melhor sustentação dos ossos.

– Vitamina D: Desempenha papel fundamental no desenvolvimento e manutenção de ossos saudáveis; auxilia a absorção de cálcio do alimento no intestino e assegura a renovação e mineralização correta dos ossos. Dependemos quase exclusivamente da exposição ao sol para obter a vitamina D em quantidades adequadas, já que ela não é muito disponível nos alimentos. Por isso, muitas vezes, a suplementação é necessária.

– Consumir proteínas e praticar atividade física contribuem para fortalecer os músculos e proteger os ossos. O fortalecimento dos músculos é muito importante, pois eles dão sustentação aos ossos. Para fortalecer os músculos, é preciso fazer os chamados exercícios resistidos, ou seja, movimentá-los contra alguma resistência, usando o peso do corpo ou pesos livres. Conforme o tempo vai passando, os exercícios vão ficando mais fáceis e os músculos mais fortes.

A entrevista completa com Dra. Maria Lucia pode ser conferida no Canal do Ouvidor no Youtube.

 

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