Invisíveis: Estávamos essa semana na praça da Bandeira, em Santa Isabel, fazendo a reportagem que fala sobre a arte da topiaria quando fomos abordados por um cidadão que cobrou: vocês precisam vir aqui fazer a reportagem quando a praça está cheia de nóias, moradores de rua e citou outros personagens, a seu ver, indesejáveis.
Veja Também
- Moradores criticam pavimentação em rua do Aralú
- 57% das salas de aulas do país são inadequadas
- Mais de 1,9 milhão de veículos devem deixar capital no feriado do Dia do Trabalho
Na hora tive a felicidade de retrucar. O feio todos veem, precisamos olhar para o bonito. Para as pessoas que fazem um pouco da alegria de nossa cidade. Naquela hora conversávamos com o Zé do Suco, personagem da história de muitos habitantes pois nos últimos 40 anos, além de percorrer toda a cidade, todos os dias, era o cantineiro da Escola Gabriela. (Essa entrevista está disponível em nosso Youtube, assista lá!).
Vou continuar a minha argumentação aqui nesse espaço onde sou livre para escrever. Valorizamos demais as cenas e fatos que nos desvalorizam e nos esquecemos sempre de voltar nossos olhos para os fatos e as pessoas que tentam fazer o melhor para a cidade e, o que é pior, frequentemente nós as desvalorizamos.
Na próxima segunda-feira vamos comemorar o Dia do Trabalho (ou do Trabalhador, como queira). Somos nós, todos nós que queremos tornar a cidade onde vivemos é que somos homenageados nesse dia. E somos, a maioria de nós, esquecidos e invisíveis aos olhos de muita gente que só consegue enxergar aquilo que nos tornam piores.
Precisamos nos habituar a reconhecer o trabalho silencioso do jardineiro que exerce a sua arte nos jardins da cidade. Dos garis que passam o dia inteiro varrendo as ruas, tirando delas a sujeira que outros, cegos da qualidade do trabalho fazem questão de jogar ao chão. Precisamos reconhecer o trabalho dos policiais que, mesmo diante de uma legislação flexível, insistem em isolar determinados indivíduos que maculam a vida de nossa cidade.
O que podemos dizer sobre os motoristas de ônibus, a veterana vendedora de sorvetes que mesmo nos dias de chuva empunha um guarda-chuva e permanece na praça na esperança de que os estudantes interrompam a algazarra para se deliciar com um sorvete.
Os prefeitos não jogam papéis nas ruas, nem saem fazendo buraco no pavimento das estradas e avenidas. São os usuários que, muitas vezes, querem fazer valer a sua própria vontade e desafiam as regras, como o ocorrido essa semana com o motorista de um caminhão que decidiu romper uma interdição e quase atropela um trabalhador, funcionário da prefeitura de Santa Isabel, cuja missão era justamente evitar o que acabou acontecendo: o atolamento do veículo na massa que cobria a rua. É preciso que voltemos nossos olhares para o lado bom e positivo de nossas cidades. O lado feio é fácil de reconhecer: mostremos o que vale à pena. Vamos ver o que está sendo invisível entre nós!