Como um ato repentino, o infarto (ou enfarte) impacta, anualmente, a vida de mais de 300 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde. Independentemente da idade, é capaz de provocar efeitos colaterais graves. No último sábado (21), a região foi impactada com a notícia da morte precoce do advogado Dr. Matheus Valério, aos 36 anos. Matheus não resistiu a um procedimento cirúrgico feito em decorrência de um infarto sofrido ainda na noite de sexta-feira (20).
Nesta entrevista, a médica generalista Aline Lasmar esclarece dúvidas que envolvem a condição e enfatiza as medidas preventivas a serem tomadas.
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Gustavo: O que é o infarto?
Aline: O infarto agudo do miocárdio (músculo do coração), popularmente conhecido como ataque cardíaco, ocorre quando um coágulo ou placa de gordura obstrui uma artéria, dificultando o fluxo sanguíneo e oxigenação do coração. Isso pode levar à “isquemia”, resultando em danos ao músculo. Se a falta de oxigênio persistir, as células do coração podem morrer, o que compromete a capacidade do órgão de bombear sangue.
Gustavo: Quais são os sintomas de um infarto?
Aline: A dor típica se manifesta na região do peito, normalmente descrita como um aperto, que pode ocorrer no braço esquerdo, ombro e/ou mandíbula. O quadro pode ser acompanhado por falta de ar, vômito, transpiração e, em alguns casos, desmaio. Os sintomas variam, incluindo palpitações, fraqueza, tontura, confusão mental, palidez, respiração acelerada, diarreia e/ou extremidades frias.
Gustavo: Existem diferenças nos sintomas entre homens e mulheres?
Aline: Sim, eles variam entre os sexos: homens apresentam dor intensa no peito, enquanto mulheres têm sintomas mais sutis, como fadiga e falta de ar. O coração e os vasos das mulheres podem responder de maneira diferente ao estresse, resultando em sintomas não tão evidentes. O estrogênio protege o coração na idade fértil, mas sua redução após a menopausa pode aumentar o risco, tornando os sintomas mais semelhantes.
Gustavo: Os problemas podem ser genéticos?
Aline: Sim, eles podem ser herdados, especialmente em famílias com histórico de infarto ou outras condições cardíacas. Os fatores podem ser genéticos, quando apresentam hipertensão e colesterol alto, aumentando o risco. Além disso, os hábitos de vida compartilhados como dieta, atividade física e tabagismo também influenciam. Por isso é necessário manter as avaliações médicas regulares e seguir hábitos saudáveis.
Gustavo: Para os jovens, o infarto é ainda mais prejudicial?
Aline: Ele pode ser mais severo em jovens por motivos que vão desde a possibilidade de não reconhecer sintomas, como dor no peito, levando a atrasos na busca por ajuda. Além disso, a falta de histórico de doenças cardíacas resulta em diagnósticos mais tardios. A resposta do corpo à falta de oxigênio é menos eficaz, resultando em danos mais graves ao músculo cardíaco. Por fim, a ausência de comorbidades protetoras, como “vasos colaterais” – existentes em pessoas mais velhas, aumenta o risco de complicações.
Gustavo: O que fazer para descobrir, precocemente, quando o coração possui algum problema?
Aline: Para identificar, mesmo em pessoas que aparentam estar saudáveis, é essencial conhecer os principais fatores de risco. Eles incluem idade, histórico familiar, pressão arterial alta, colesterol elevado, diabetes, falta de atividade física, tabagismo e obesidade. Pessoas com condições de risco, como colesterol alto e hipertensão, devem manter acompanhamento médico regular para monitorar a saúde cardiovascular e realizar intervenções preventivas quando necessário.
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O Ministério da Saúde criou a Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio, uma série de medidas desenvolvidas para profissionais da saúde que visa melhorar a qualidade e a agilidade do atendimento em situações emergenciais. O guia está disponível no site gov.br/saúde.
Em caso de dores do peito, suor frio, palidez e sensação de desmaio ligue 192 SAMU ou procure uma unidade de emergência mais próxima.