É importante a matéria do repórter Bruno Martins veiculada nessa edição. Ele apurou que, na contra mão do que aconteceu no Brasil, indicando aumento na emissão do primeiro título de eleitor, os cartórios eleitorais de nossa região registraram menor número de eleitores na faixa de 16 a 18 anos, fase em que o voto é facultativo.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (STE) de janeiro a abril desse ano 2.042.817 jovens de de 16 a 18 anos, legalmente dispensados, se habilitaram para votar nas eleições de outubro próximo. Esse é um número superior em 47,2% em relação ao mesmo período de 2018 quando tivemos a última eleição para presidente, governadores, senadores e deputados. E, mais ainda, 57% a mais do que na eleição que levou Dilma à presidência (2014).
Somos levados a acreditar que esse entusiasmo se deve ao espírito patriótico que, de repente tomou conta da cabeça dos jovens, mas pessoalmente não acredito nisso. Creio que pesa nesse resultado a boa campanha desenvolvida pelo próprio TSE e pelo esforço de algumas celebridades, incluindo o ator Leonardo de Caprio, o Hulck dos cinemas, Mark Ruffalo e a cantora pop Anita entre outros nomes nacionais e estrangeiros.
Toda essa mobilização surgiu da iniciativa de pequenos grupos que anonimamente se dedicaram a silenciosas campanhas como o “Dia Nacional do Título” que montou barraquinhas em escolas nos 27 estados do país, convidando os jovens a se inscreverem. Segundo reportagens da grande imprensa, mais de 30 entidades se dedicaram a ações como essa.
E o fizeram sem cores partidárias. A prova disso é que diferentes sondagens eleitorais têm mostrado o ex presidente Lula à frente de Bolsonaro entre esse público, mas de uma forma não uniforme. Em uma pesquisa da Genial/Quaest, enquanto Lula aparece com o dobro das intenções de voto entre as mulheres de 16 a 29 anos, na mesma faixa etária entre os homens é Bolsonaro quem tem a liderança (40 a 36%).
Uma análise feita pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sugere que tal adesão ao voto esteja ligada ao fato de que 23% dos desempregados são jovens dessa mesma faixa etária que estariam, portanto, em busca de influenciar o governo através da única arma democrática possível.
Mas a realidade é uma só. Não basta a mobilização para o voto é preciso que a juventude também se arrisque na disputa por cargos públicos, revitalizando a política nacional retirando do cenário os nomes que a séculos frequentam os centros de decisão do país.
Que essa participação da juventude continue e aumente, influenciando também as eleições de 2024.