Homero vira lenda

Por Érica Alcântara

Érica Alcântara é Escritora, jornalista e ex-editora do Jornal Ouvidor

Algumas pessoas são para sempre. Homero José Vallone certamente é uma dessas figuras que, quando partem, se transformam em purpurina! Digo, em uma espécie de mito.

No domingo, 05/06, deu o seu último suspiro. O coração, cansado de avisar que estava grande demais, parou. Tornando a noite mais densa e o ar rarefeito para todos os amigos.

Por volta das 13h de segunda-feira, um cântico negro ecoou na sala quando a tampa de madeira findou o último toque em tuas mãos, a música entoou o passo dos homens que carregaram teu corpo a derradeira despedida.

O tambor estava mudo, a cidade inteira se vestiu de um luto que beirava absurdo. Absurdo sim, porque as lendas meu amigo, as lendas nunca morrem. Vivem cá entre nós como lembrança viva a nos fazer rir e chorar com suas aventuras, de uma vida inteira dedicada a cultura.

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Em seu velório ouvi declarações fortes:

“Ele era universal, aqui mesmo, nesta despedida, vemos do jovem ao idoso, do empresário ao faxineiro. E todos têm lembranças boas com Homero, muitas delas divertidas, porque ele sabia trazer o riso e a alegria”.

“Homero foi o único secretário do município que nunca ganhou R$15 mil, ele dividia o próprio salário para manter parte das oficinas culturais em funcionamento e, durante a pandemia, fez das tripas coração para que cada professor pudesse manter seu emprego”.

“Eu vou te contar uma coisa… Homero era o tipo de pessoa que sempre nos deixava bem, ainda que bravo ou decepcionado, ajudou até quem um dia o traiu”.

“Ele via o melhor nas pessoas, aceitava os erros e incentivava o trabalho para lapidar o talento”.

“Hoje fica um vazio que não tem remédio que consiga preencher. Aí vem aquela sensação de que poderíamos ter feito mais… ter abraçado mais, conversado mais…”

Vi homens virarem meninos, a chorar a tua perda como quem vê descerrar as cortinas de um grande espetáculo da vida. Somos um sopro e a única coisa que nos mantém vivos são as memórias que plantamos pelo caminho.

Amar ainda que a loucura impere entre os homens.

Amar mesmo que as sombras antecipem a tua chegada.

Amar.

Incondicionalmente amar o próximo, às vezes mais do que a si mesmo.

Homero voltou para casa. E deixa para trás um chão apinhado de estrelas.

Toda a arte está de pé, gratidão por tudo meu amigo!

Hoje, 11/06, às 19h, haverá missa de sétimo dia na Igreja Matriz de Santa Isabel.

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Ana Paula Carrara
1 ano atrás

E o que comentar?
Que você resumiu o sentimento de muitos, o nó na garganta.
Mas com a certeza que sim um dia vamos nos encontrar!

Agenor Vallone
1 ano atrás

Obrigado Erica, meu irmão merece esse reconhecimento, foi a pessoa mais importante da cultura Isabelense, todos que trabalharam com ele em algum momento, estavam lá! Ele não morreu, virou uma parte da história de Santa Isabel! Obrigado mais uma vez.

Ana Maria Monteiro da Silva
1 ano atrás

Ele era um homem de garra meu querido amigo tiver o prazer de trabalho com ele em Igaratá