Fios que entrelaçam histórias: a vida da Crocheteira

Nova reportagem da Série Profissões, dá início às celebrações do Mês da Mulher

Lenilda ao lado das criações disponíveis na ‘Casa do Artesão’ da Avenida da República. Foto: Gustavo Vaquiani

É no vasto mundo das artes manuais, onde vidas se entrelaçam com linhas e agulhas, que Lenilda Aparecida dos Santos Costa encontrou, mais que uma habilidade, a profissão que a acompanha até os dias de hoje: o crochê.

Série Profissões

Há mais de 14 anos ela utiliza de sua criatividade para confeccionar peças de diferentes cores, texturas e significados, e ensina sua arte para milhares de alunos por meio das aulas ministradas na secretaria de Cultura de Santa Isabel.

Hoje aos 49 anos, Lenilda conta que sua trajetória teve início após anos marcados pela atuação em diferentes áreas de uma cidade que até então, era um ambiente completamente novo: “Eu e minha família morávamos em Paranapoema, Paraná. Porém, aos 13 anos de idade, meu pai vendeu tudo e viemos para Santa Isabel à procura de melhores condições de vida”, recorda.

Ela conta que dentre as profissões, foi cozinheira, faxineira, empregada doméstica, mas que o artesanato sempre foi sua paixão: “Eu já fazia peças de crochê pra uso pessoal e para venda”, disse.

Entretanto, a Crocheteira comenta que a virada de chave em sua vida aconteceu após a visita de uma amiga à sua casa, a qual ficou encantada com as diferentes obras que enfeitavam toda a residência. Assim, com o talento sendo reconhecido, Lenilda afirma que foi ainda mais incentivada por ela a seguir o ramo do crochê.

Com o apoio da amiga, começou a ensinar sua arte na Associação dos Aposentados, e foi muito bem recepcionada por todos os lugares que passou: “Já passei pela Secretaria de Cultura por um ano, dei aulas voluntárias no Monte Negro, no Jardim Eldorado, no Centro de Convivência do Idoso (CCI)… como voluntária, tirava o dinheiro do meu próprio bolso para ensiná-las a ‘crochetar’ porque eu amo o meu trabalho”, comentou.

E nas histórias vivenciadas ao longo dos anos como Crocheteira e Professora, ela relembra quando conheceu uma aluna com depressão, que buscou os ensinamentos do crochê, e que graças às conversas e à amizade gerada durante as aulas, a autoestima e a felicidade voltaram aos olhares da aprendiz.

Com todas as turmas preenchidas neste semestre e mais de 40 pessoas em fila de espera, além das aulas na secretaria de Cultura, ela também dá aulas online a pedidos de alunos de São Paulo e pela internet também compartilha suas experiências no perfil ‘Lê Crochê’, no YouTube.

Questionada sobre o futuro da profissão, Lenilda Aparecida dos Santos Costa comenta que atualmente o crochê está em alta, com muita procura, mas afirma ter medo do que pode acontecer: “Peço as atuais e futuras gerações não deixem essa arte manual morrer. Continuem ensinando seus filhos e netos, porque é uma arte muito linda e tem muito amor envolvido”, finaliza.

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