Eleições, de novo

Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Parece que foi ontem, mas as eleições voltaram. Agora, para os cargos de prefeitos e vereadores das cidades. Embora sejam locais, essas eleições também são importantes para a formação das bases que irão eleger, daqui a dois anos, os deputados, senadores, governadores e presidente da república.

Foi notícia no Ouvidor

Em todas as cidades o quadro de candidatos parece estar definido, embora, dentro da liturgia eleitoral, estes devessem ser escolhidos através de convenções partidárias. E as campanhas já começaram, agora sob o apelido de “pré-campanha”, feitas por “pré-candidatos”. É preciso cuidado. Isso poderá causar problemas aos “pré-candidatos”. Veja-se o senador Sérgio Moro.

Mas é muito saudável e necessária essa movimentação eleitoral. Tempo de campanha é tempo de encontro das lideranças com o povo. É tempo de ouvir as reivindicações, as sugestões, de conhecer os problemas. Embora as redes sociais tenham assumido um papel relevante no processo de difusão de ideias e programas, aquele contato pessoal parece ser insubstituível.

E a população deve receber bem os candidatos, ouvi-los, para depois tomar a decisão sobre o voto. E estes devem apresentar projetos detalhados, viáveis. É inadmissível que um prefeito assuma para depois elaborar o seu plano de governo.

Em Santa Isabel, por exemplo, é preciso que seja apresentado um plano de combate às inundações. Plano técnico, viável. O mesmo se diga sobre a reforma administrativa. Há muito que os órgãos de fiscalização apontam a ilegalidade na nomeação para os chamados cargos em comissão. Mas a excrescência continua. E o voto do eleitor deve representar a aprovação desse plano, assim como na reeleição o voto do eleitor deve ser o julgamento do trabalho realizado.

Aliás, candidatos à reeleição devem tomar muito cuidado. Nesses tempos difíceis em que estamos vivendo – em que interesses outros que não o público, passaram a dominar as administrações – nada é impossível. São muitos os casos de verdadeira sabotagem política engendrados por grupos antigos da administração, que não aceitam perder o poder. Ao primeiro sinal de mudança dos ventos, seguem a direção da biruta (instrumento para indicar a direção do vento). Isso sem falar nos acordos celebrados entre os verdadeiros donos do poder, líderes partidários, que não hesitam em abandonar seus aliados em uma cidade em troca do apoio em outras.

Veja-se o caso de uma prefeita do estado do Rio de Janeiro, então filiada ao PL, que foi recebida pelo presidente Lula, foi agraciada com uma verba no valor de mais de cinquenta milhões de reais para aplicação na saúde e mudou de partido. E o que iria ser candidato pelo PT ficou falando sozinho. De quebra, o filho da ministra da Saúde foi nomeado secretário da prefeitura.

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