Do passatempo ao emprego e renda

Parcerias da Prefeitura de Santa Isabel estão abrindo a mente de moradores para os benefícios de empreender no turismo rural

Júlio guiando um grupo de pessoas pelas trilhas do Bairro Pedra Branca. Arquivo Pessoal.

A prática de ser guia turístico pelas trilhas do Parque Itaberaba era apenas um passatempo que Júlio Sérgio da Silva tinha prazer em desempenhar entre uma folga e outra do seu trabalho, de inspetor de qualidade em uma multinacional. Foi então que ao fazer um dos cursos da secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Santa Isabel, Júlio descobriu que o hobby poderia virar renda.

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Foi numa parceria entre a Prefeitura, o Sebrae-SP e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) de Jacareí, que Júlio teve a oportunidade de fazer o curso de Monitoria de Turismo em Propriedade Rural, em agosto do ano passado. As disciplinas do curso abriram a sua mente, sobre como profissionalizar a prática que ele já desempenhava há anos.

Turma do curso de Monitoria de Turismo em Propriedade Rural, em agosto 2021

O curso permitiu que Júlio adequasse melhor o serviço de guia às necessidades de cada turista, visando a segurança e bem-estar deles. “Hoje, já no primeiro contato, consigo identificar se o turista terá condições de fazer uma trilha mais longa ou não. A gente cria um cronograma e adapta o tipo de trilha ao perfil de cada pessoa. Isso é fundamental para que a trilha seja, no fim só diversão e não frustração”, explica.

O percurso, ida e volta, dura em média 4h e além da serra, também são percorridas cachoeiras e outras áreas de conservação, algumas destas situadas em propriedades particulares, cujos proprietários permitem o passeio por suas terras.

Júlio passou a fechar parcerias com restaurantes locais, para que os turistas, após concluírem o passeio pelas trilhas do Bairro Pedra Branca, pudessem ter a opção de almoçar dentro do bairro. E viu ainda, na esposa, confeiteira, a possibilidade de acrescentar café da manhã com variedade de bolos e pães, ao seu pacote de serviços.

Antes do curso, sem nenhuma oferta de variedade, Júlio cobrava R$5,00 por pessoa. Hoje traçando o perfil de cada turista, além das opções de almoço, à parte, e oferta de café da manhã incluído em seu pacote, ele cobra em média R$40,00 por pessoa.

Walter Negrão e Júlio Sérgio nas trilhas pela Serra do Itaberaba. Arquivo Pessoal

“Conheci o Júlio quando passei a frequentar o Pedra Branca, desde então, passei a dar algumas dicas para que ele melhorasse o serviço que já fazia. Ele passou a nos ouvir e evoluiu cada vez mais, principalmente depois de ter participado dos cursos e oficinas que temos ofertado aqui”, disse Walter Negrão, diretor Municipal de Desenvolvimento Econômico.

No mês passado, Júlio pediu demissão da empresa onde trabalhou por 11 anos. Com o objetivo de empreender no turismo rural, ele já iniciou os trâmites, junto a prefeitura, para a retirada do registro de Microempreendedor Individual (MEI). Com o CNPJ, Júlio espera conseguir atrair mais empresas, escolas e faculdades para que estes contratem os seus serviços em grandes pacotes.

“Tomei coragem e pedi demissão, deixei de ser profissional de carteira assinada para entrar de vez nessa profissão que me move e me dá prazer, que é a de guia. Vivo no Pedra Branca desde que nasci, há 38 anos, conheço como ninguém cada parte destas terras, nunca imaginei que aquilo que eu já fazia poderia ser um dia, minha principal fonte de renda”, conclui.

Para Walter, o turismo gera um recurso muito maior do que o enriquecimento de empresários do setor. “A formalização gera empregos e as parcerias beneficiam restaurantes, hotéis e empresas de transportes. É uma conexão de negócios onde todo mundo ganha”, explica.

Através das parcerias com instituições de ensino, a prefeitura de Santa Isabel tem conseguido preparar mãos de obra para as diversas oportunidades do setor de turismo. “No ano passado, através do Centro Paula Souza, conseguimos formar camareiras, depois trouxemos também o curso de assistente administrativos. Estamos desta forma conseguindo qualificar vários eixos do turismo alguns que já até existiam, mas que estavam na informalidade e assim como o Júlio, por exemplo, estão enxergando que a formalização abre portas que geram oportunidade e renda para eles e para o município”, finaliza Walter.

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