Desafios inéditos

por Roberto Drumond

turismo
Roberto Drumond - Editor chefe do Jornal Ouvidor.

Dois temas me comovem essa semana e fico em dúvida de como lidar com essa diversidade que às vezes nos assalta. O primeiro deles é sem dúvida nenhuma a manchete dessa edição: os décimos que, ao longo dos anos (confesso que não sei quando foram criados) construíram a fortuna de muitos funcionários públicos, alguns dos que até a pouco tempo atrás chamávamos de “Marajás”.

Foi através de manobras como os complicados décimos, quinquênios e decênios que salários de burocratas foram engordando e dando-lhe mais poderes de modo que, cavalgando sobre valores, passaram a influenciar os legisladores que implantavam ainda mais benesses a quem já tinha muitas.

Não me refiro aos salários dos funcionários públicos isabelenses que tiveram parte de seus vencimentos solapados pela legislação que se exigiu colocar em vigor. Sem dúvida nenhuma, são pequenos perto de funcionários da Câmara de Vereadores de São Paulo; de Juízes, de funcionários de assembleias em todo o país. Criou-se no Brasil a república dos burocratas que, manejando a geração de leis, inventaram modos de ampliar seus ganhos indiferentes às necessidades do país. Daí a existência dos Marajá que, finalmente estão sendo removidos, devagar, mas efetivamente em todos os lugares.

O segundo tema que me comoveu foi a morte de Vitor. O proprietário de uma Chácara em Santa Isabel que passou os últimos anos recolhendo cães abandonados nas ruas, dando-lhes abrigo em sua propriedade. Veja matéria.

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Há alguns anos nosso jornal o entrevistou e, salvo erro de memória, ele contava na ocasião com pouco mais de 40 cães. No fim de semana passado ele faleceu deixando sob a responsabilidade de sua companheira, 86 animais. Ela fez o que julgou ser o certo: chorando a morte do amigo, virou as costas para os cães e partiu, deixando para a Prefeitura a responsabilidade de dar destino aos animais.

A administração municipal já tem sob a sua responsabilidade um canil inteiro onde animais doentes são levados para tratamento. E assumiu o cargo de cuidar de mais alguns que estão provisoriamente na chácara onde viviam com Vitor. Abrir o portão e simplesmente deixar que os animais saiam cada um cuidando de si, é um crime previsto na legislação. Cuidar sem dar o devido trato é, da mesma forma, um crime.

Ambos os desafios que a administração de Santa Isabel está lidando nessa semana são inéditos na história do município. O modo como serão solucionados e o impacto que isso causará na economia da Prefeitura serão balizas que comprovarão a habilidade dos governantes de responder adequadamente às surpresas que a vida oferece.

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