Crescimento menor da população

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Não deveria causar surpresa o resultado do Censo Demográfico de 2.022, apresentado nesta semana, que apurou ter a população brasileira experimentado o menor crescimento demográfico desde o século 19. Na verdade, essa tendência já estava sendo verificada há muito tempo e decorre da baixa da taxa de natalidade entre as famílias. Muito pouco a ver com as mortes causadas pelo Covid.

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É que, ao contrário do que ocorria até meados do século passado, agora os casais têm limitado o número de filhos diante do alto custo para cria-los e educá-los. É a chamada paternidade responsável, decorrente em muito pela falta de escolas públicas e serviços de saúde de qualidade E isso ocorre não só no Brasil. Também nos países europeus e asiáticos a tendência é a mesma. E nesses países já se verifica até mesmo falta de mão de obra para certos tipos de trabalho, o que tem provocado a imigração de pessoas vindas de países mais pobres, como a África e até mesmo a América do Sul.

O grande problema do baixo crescimento da população, aliado à maior longevidade das pessoas em decorrência de melhores condições de vida, será o descompasso entre população jovem e a idosa. Como se sabe, os sistemas de previdência e de proteção social se baseiam no financiamento através da contribuição dos que estão no mercado de trabalho. Com a redução da força de trabalho chegará um momento em que não existirão fontes de recursos.

Como exemplo dessa crise temos a China, que até pouco tempo impunha às famílias a política do filho único, visando conter o aumento populacional. Mas o que se verificou foi o problema econômico. Agora as autoridades chinesas estão estimulando famílias a terem número maior de filhos. No Brasil ainda temos um problema adicional, pois o aumento do número de filhos ocorre entre as famílias de menor poder aquisitivo, o que aumenta os custos sociais, e lança anualmente milhões de pessoas no mercado de trabalho com pouquíssima formação.

Assim, não são justas as críticas que se viu nas redes sociais com relação ao pequeno aumento da população verificado na cidade de Santa Isabel, em torno de cinco por cento, ou 2.721 pessoas. É uma tendência nacional.

É certo que cidades com melhores condições de vida, como São José dos Campos, tiveram o dobro da taxa de aumento médio, mas isso também reflete a migração interna, sempre em busca de melhores lugares para viver. Aliás, isso ocorre há milênios.

Assim é preciso que as autoridades se debrucem sobre o quadro trazido pelo Censo. A falta de população jovem é um problema para a economia, para a soberania nacional e a própria continuidade do Brasil como nação.

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