Por meio do WhatsApp do Jornal Ouvidor, um cidadão denunciou anonimamente a suspeita de que um crime ambiental escoa diuturnamente pelo centro de Santa Isabel. A reportagem esteve no local descrito e, em meio a mata fechada, se deparou um pequeno curso de água negra.
A empresa suspeita de descarte irregular no curso d’água é a multinacional Paramount Têxteis, localizada no final da Rua Padre João Orlando da Cruz. E, paralela a esta via, há uma sucessão de pequenas casas com quintais de fundo para o que, num passado agora distante, é o curso d’água onde pescavam um dia.
Se houve peixe ou qualquer vida submersa nesta água, hoje tudo fica represado na memória. Notoriamente há poucas chances de pesca, hoje a água é de uma turbidez tão obscura, quanto a cor estigma do petróleo.
Este mesmo curso d’água encontra-se com o ribeirão Araraquara e, posteriormente, deságua na Represa do Jaguari, onde a Sabesp capta a água de consumo da população isabelense. Ainda assim, questionada, a Prefeitura de Santa Isabel disse que, “como a atividade desta empresa é licenciada e fiscalizada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, que emitiu a Licença de Operação nº57002978, cabe a este órgão a fiscalização da mesma”, diz a assessoria de imprensa.
O secretário de Meio Ambiente, Rubens Barbosa, disse que a água, apesar da turbidez, não tem material tóxico. “Ela só não consegue melhorar a cor da água, porque não consegue filtrar 100%. Mas a água não é tóxica e ali é possível encontrar até peixe”, conta.
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Especialistas suspeitam que a empresa descarta corantes neste local e, em tese, deveria apresentar o resultado da análise deste descarte, ou o órgão ambiental recolher amostra para verificar possíveis contaminantes.
“Demostrando não haver o risco, o corante se dissipa e se desintegra. A turbidez é um parâmetro de qualidade do descarte que precisa estar dentro da regra, pois os corantes, em excesso, diminuem a penetração de luz na água, e isso, faz com que a fotossíntese seja reduzida aos seres aquáticos, afetando a reprodução, a locomoção, causando doenças afetando a vida”, afirma o técnico ambiental consultado pela reportagem.
Denuncia fake
A Paramout veementemente contesta a denúncia. “Não é crime ambiental, porque trabalhamos dentro dos parâmetros exigidos por lei”, explica o engenheiro de segurança e meio ambiente Marcelo Souza.
Segundo o Engenheiro, nenhum resíduo é lançado no corpo d’água no Ribeirão Araraquara, apenas efluentes líquidos que consiste na água usada no processo industrial, refeitório e sanitários, que passam pelo devido tratamento biológico na ETE- Estação de Tratamento de Efluentes a empresa.
“Tudo está de acordo com a legislação da CETESB, os efluentes líquidos tratados são devolvidos ao córrego dentro de um padrão de referência normativa. Portanto, não geram impacto ao meio ambiente, fauna e flora”, explica Marcelo.
Além disso, a empresa diz que CETESB e DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica frequentemente fiscalizam o lançamento de efluentes.
“O referido problema de cor da água do córrego não é proveniente da Estação de Tratamento de Efluentes da Paramount, mas das características e qualidade da água do próprio Ribeirão Araraquara e do fundo do leito com algas escuras, basta verificar a cor da água cristalina que é lançada em nossa tubulação de saída de efluente tratado diretamente no córrego, de acordo com o padrão legal”, explica Marcelo.
Por não identificar problemas na Estação de Tratamento de Efluentes, a Paramount garante apenas que manterá os padrões legais de tratamento de efluentes exigidos.