Quanto mais a gente se assusta com os fatos, outros aparecem para nos assombrar. Existe um provérbio que diz muito: diga-me com quem andas, te direi quem és! Acredito que já imaginam onde vou chegar. Na quinta-feira o homem que se intitula hacker foi depor na comissão mista que investiga os atos de oito de janeiro. Abriu o verbo incriminando o ex-presidente da República.
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O meu alter ego (aquele grilo falante que muitas vezes me ataca sem dó) logo me perguntou: Hacker é profissão? Consulto o Google que tudo sabe e ele me responde em poucos segundos, com 2.510.000 alternativas: “Eles atuam dentro das organizações identificando vulnerabilidades e falhas nos sistemas para evitar esses ataques e invasões”. Achei interessante porque não responde se é ou não uma profissão, apenas indica o que faz e que vem se consolidando com tal. Mas outro verbete diz que o Ministério do Trabalho não reconhece um hacker como profissional, ou pelo menos com esse nome. O mais próximo é operador de tecnologia da informação, analista de sistemas etc.
Então o cidadão Walter Delgatti Neto é um hacker. E pelo visto não é um hacker do bem como o Google floreia. Não é do bem porque foi convidado a fazer trabalhos sujos e, pelo que contou, aceitou tendo até mesmo sido pago para isso. É, mas parece que agora, diante da Comissão Mista do Senado quer ser do bem e contar tudo o que sabe do antigo governo. Longe de mim querer defender Bolsonaro e o seu time, afinal “quem anda com bandido, talvez seja um deles” como no velho provérbio. Ou seja, está se aliando a quem agora ataca o ex-governo. “Talvez seja um deles” me sopra na orelha o meu famigerado grilo falante.
Me vem à lembrança as dezenas de delações que apontavam o atual presidente Lula como um chefe da quadrilha que atacou o Brasil antes de Bolsonaro. Mostravam os mesmos tipos de desmandos que vemos agora com algumas variações, mas essencialmente gente se locupletando com os recursos públicos. E o que aconteceu depois? Tudo revisto e, como em um passe de mágica tanto o coelho como a cartola desaparecem.
Nada me garante que daqui a alguns anos, um novo mágico vai se apresentar e dizer que nada disso aconteceu, que foi apenas um mal-entendido histórico desencadeado por uma pessoa desqualificada, um hacker, e que é preciso seguir adiante. Sim, é preciso seguir adiante, mas sem se apoiar em pessoas que usam a inteligência para cometer crimes e condenar também quem a elas se liguem pois, como no ditado, “elas também são”.