As eleições em São Paulo

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

É muito preocupante o quadro eleitoral na cidade de São Paulo. Talvez por tratar-se de uma metrópole de tamanho anormal, com milhões de habitantes, a escolha dos candidatos tenha sido feita em razão de critérios de popularidade, ou de interesses políticos regionais.

Ao que parece a capacidade para administrar a maior cidade do país – e uma das maiores do mundo – foi um atributo de menor importância, optando-se por nomes com penetração na opinião pública, o que resultou na indicação de Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Tabata Amaral e o prefeito Ricardo Nunes, que é o que se chama de tragédia política, eis que só chegou ao cargo em razão do falecimento precoce do então prefeito Bruno Covas.

Foi notícia no Ouvidor

Mas, confirmando o dito de que “nada está tão ruim que não possa piorar”, tivemos a entrada no páreo do chamado “influencer digital” Pablo Marçal que, segundo as últimas pesquisas, tem chances reais de vencer as eleições. É que ele tem penetração num mundo novo, o das redes sociais, e comanda um segmento do eleitorado que parece inacessível aos políticos tradicionais, mas é uma incógnita sob todos os outros aspectos.

E isso só tem ocorrido na cidade de São Paulo, que merece e necessita da presença de dirigentes com capacidade e experiência para administrar os complexos problemas administrativos da principal capital do país. E com reflexos que se irradiam para todo o país.

Não é possível que a cidade eleja pessoas sem a mínima experiência administrativa, o que só se obtém com a passagem pelos vários cargos da vida política. Ademais, é preciso também que seja analisado o passado de cada um, sua vida privada, sua trajetória profissional. Isso ocorre com todas as empresas do mundo. Ainda que no universo político os critérios sejam outros, há de existir um mínimo de racionalidade no processo de escolha.

O Partido dos Trabalhadores, que tem raízes profundas nas classes mais desfavorecidas da cidade, não poderia ter abdicado do direito – e dever – de apresentar um candidato capaz, dentro do excelente leque de seus quadros. Mas optou por uma candidatura, a de Guilherme Boulos, com um índice de rejeição que praticamente o inviabiliza num eventual segundo turno.

E o PSDB? Indicou José Luiz Datena, um apresentador que explora de forma sensacionalista o mundo das notícias sobre o crime. Tem sido um fracasso nos debates entre os candidatos, porque não sabe nada sobre a cidade. A candidata Tabata Amaral, por seu turno, não emplaca. É sem sal. E o Prefeito Ricardo Nunes parece ser a nova versão do “picolé de chuchu”. Todo esse quadro de nulidades só poderia resultar no aparecimento de um personagem como Pablo Marçal.

São Paulo merecia muito mais.

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