A Lei de Cotas para PCD (Pessoa com Deficiência) está prestes a completar 30 anos no próximo mês, e é através dela, que esse público possui acesso garantido ao mercado de trabalho. No entanto, números oficiais mostram que ainda há muito o que avançar para a lei ser amplamente cumprida. Em Arujá, o Projeto Preparar para Incluir tem aberto às portas do primeiro emprego, ao público PCD que reside no município.
Desenvolvido pela Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE) de Arujá, o Preparar para Incluir já existe há quatro anos e é um projeto exclusivo da unidade arujaense. Criado pela assistente social da unidade, Marilda Ângela Silva e com supervi26são da educadora Gabriela Souza, o principal objetivo, constitui em um curso preparatório para a inclusão no mercado de trabalho de pessoas com deficiência.
Responsável pelo acompanhamento destes alunos durante o curso e após a sua contratação, a psicóloga da APAE, Camila Brito explica que, o projeto trabalha três eixos: – Desenvolvimento do perfil vocacional; Desenvolvimento do emprego, no qual o candidato passa por cursos de qualificação profissional e acompanhamento pós-colocação no mercado de trabalho: “Nosso Programa, propõe a inclusão para qualificar e não a qualificação para incluir”, ressalta Camila.
Neste período o projeto já alcançou bons números, cerca de 30 pessoas que passaram pelas salas preparatórias da APAE de Arujá, já estão empregadas. Uma delas é Vitória Santos de Souza Paixão. Aos 21 anos, ela já completou um ano e seis meses no primeiro emprego.
Vitória, possui diagnóstico de hidrocefalia e epilepsia e trabalha numa rede de lanchonetes em um shopping de Guarulhos. “O Preparar para Incluir me ajudou bastante, principalmente na melhoria do meu comportamento frente aos desafios, sou muito tímida e as oficinas me ajudaram a desenvolver esse meu lado”, diz Vitória.
Lei de Cotas
A Lei Federal Nº 8.213 criada em 24 de julho de 1991, estabelece que empresas com cem ou mais funcionários precisam destinar uma porcentagem de suas vagas ao público PCD. Na prática essa determinação ainda tem muito o que avançar. Numa pesquisa divulgada em maio do ano passado e realizada pelo Governo do Estado de São Paulo, indicava que de oito mil pessoas entrevistadas pela Secretaria de Estado da Pessoa com Deficiência, cerca de 30% deste público ainda não conseguiu o primeiro emprego. A pesquisa apontou ainda que as empresas instaladas no estado relatam dificuldade em preencher às vagas destinadas a este público.
Em Arujá, de acordo com a psicóloga Camila, cada vez mais as empresas do município e da região, estão procurando a APAE, para que a unidade possa indicar pessoas a participarem dos processos de seleções para suas vagas.
“As empresas estão cada vez mais nos procurando e isso mostra o quanto elas estão comprometidas com esse dever. Mas o que é mais interessante, é que mesmo aquelas empresas com menos de cem funcionários, que não possuem, portanto, obrigação de contratar PCD’s, estão abrindo vagas para esse público aqui na cidade”, disse Camila.
Para o advogado Dr. Matheus Valério, as empresas precisam enxergar a contratação de PCD’s como um fomento de política social necessária: “A importância da contratação de PCD pelas empresas vai muito além do simples cumprimento de uma cota. É uma forma de fomentar a inclusão, e fortalecer o caráter social da atividade empresarial”, disse.
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Enquanto isso, na APAE de Arujá, 14 alunos seguem recebendo qualificação profissional, a fim de estarem preparados para quando a oportunidade bater na porta.
Camila ressalta ainda que qualquer pessoa com deficiência intelectual ou múltipla e autismo e que tenha a partir de 16 anos, esteja este inserido ou não na rede estadual de ensino, pode participar do Preparar para Incluir: “Não é algo exclusivo dos nossos alunos ou das pessoas que são atendidas pela nossa unidade, mas a todo o morador de Arujá, que possui alguma deficiência ou limitação e que está em busca de uma oportunidade de trabalho”, explica e acrescenta: “Ao chegar em nossa unidade esse aluno passará por uma triagem para vermos se o seu perfil se encaixa com o projeto”.
Mesmo após empregada, Vitória Paixão segue frequentando as salas da APAE: “Essa experiência do meu primeiro emprego é algo que vou levar para a vida. O bom deste projeto, é o acompanhamento que recebemos mesmo após a nossa entrada no mercado. Não é simplesmente arrumar um emprego para a pessoa com deficiência, mas acompanhá-la é esse o diferencial do Preparar para Incluir”, finaliza.