JESUS

por LUIS CARLOS CORRÊA LEITE

Santa Isabel
Advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite.

Nesta semana os cristãos lembraram o martírio e morte de Jesus Cristo, o filho de Deus segundo a crença destes.

Jesus entrou festivamente em Jerusalém, montado num jumento, confirmando a profecia, mas foi preso pelos poderosos da cidade. Então foi levado a julgamento, que foi presidido pelo Governador Romano, Poncio Pilatos. Poncio Pilatos sabia que Jesus não tinha feito nada de mal. Era um justo. Mas veio ao mundo com uma mensagem transformadora, que podia abalar as estruturas de poder então vigentes. Disse que a Lei religiosa existe para o homem, e não este para a Lei. A mensagem de Jesus foi sempre a do Amor, até porque também está escrito que Deus é Amor.

Mas o povo judeu, provocado por Poncio Pilatos a escolher qual pessoa iria ser libertada – segundo o costume de então, que conferia tal poder ao Governador – não teve dúvida: escolheu a libertação de Barrabás, o bandido mais temido da região. Foi o povo sendo povo.

Para Jesus, um homem que somente fez o bem, um homem que pregou o caminho do amor e da caridade, o povo escolheu a morte pela cruz. Mas, será que Jesus realmente nos deixou? Ou será que Jesus está por aí pelas ruas, pedindo um prato de comida. Ou na porta dos hospitais, gemendo de dor, esperando horas para ser atendido. Nessa madrugada fria em que escrevo, Jesus pode estar dormindo numa barraca, montada nas ruas da cidade de São Paulo, a cidade mais rica do Brasil. Não há dinheiro para ampará-lo, mas não falta para o luxo dos helicópteros, iates e mansões, muitos adquiridos de forma duvidosa.

Jesus também pode estar num asilo, abandonado, depois de ter dedicado sua vida aos filhos e à sociedade. Jesus pode ser também a mulher violentada nos seus direitos, agredida, ou um preto, um gay ou um gordo, que são marginalizados porque simplesmente são assim. Ou pode ser um jovem soldado russo ou ucraniano, servindo de bucha de canhão para satisfazer os delírios de governantes malucos. Que estão sendo usados por pessoas más, que não hesitam em gastar cem bilhões de dólares em armas, num confronto terceirizado entre potências, mas que não se dispõem a ajudar o povo africano a adquirir as vacinas contra a Covid. Sim, grandes nações cristãs – católicas e protestantes!– que espalham o ódio e a destruição pelo mundo.

Alguns esperam a volta de Jesus, mas Ele pode nunca ter ido. E estar no meio de nós. Que tristeza deve sentir quando vê que sua maravilhosa mensagem se transformou numa grande atividade lucrativa, que movimenta bilhões, para ser um fim em si mesma. Há, sim, exceções. Irmã Dulce, que socorreu o povo baiano em sua pobreza endêmica, as missões religiosas na África, os hospitais criados por religiosos, Madre Tereza de Calcutá, mas certamente não agrada a Jesus ver o luxo em que vivem certos líderes religiosos, muito mais interessados na busca do poder econômico e político do que em amparar os mais pobres.

Jesus pede que cada um de nós seja o seu braço, ajudando os que precisam, amparando os mais velhos, Uma boa reflexão para terminar essa Semana Santa.

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