O brasileiro Vinícius Júnior ficou em segundo lugar no prêmio Ballon d’Or (bola de ouro) da revista France Football nesta última segunda feira (28). O troféu desde 1956 premia a temporada do melhor jogador de futebol ao redor do mundo. Mas não funciona sempre assim.
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Em sua criação, o prêmio tão sonhado por jogadores, era somente para os jogadores europeus e que atuavam na Europa. Com essas regras impostas, jogadores mundialmente relevantes que não eram Europeus, ficaram sem o prêmio. Esse foi o caso de grandes nomes como Pelé e Maradona.
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Em 1995, o troféu começou a ser válido para mais continentes. O primeiro prêmio pós mudança da regra foi entregue ao Liberiano George Weah. Um dos nomes mais importantes da história do futebol Africano. Na época o jogador estava atuando pelo Milan, time italiano.
Com o passar dos anos, o prêmio continuou sendo entregue para jogadores europeus, mas esses são vistos como “justos” pela mídia e pelos amantes do futebol. Nessa época, o ballon d’Or premiava os jogadores mais por individualidades e menos por conquistas coletivas. A prova disso foi o vencedor de 2000, o português Luís Figo, que na época ainda atuava pelo Barcelona.
Nesse ano, Figo não ganhou título algum, e mesmo assim ficou na frente de David Beckham multicampeão com o Manchester United. Com os anos esse conceito foi sendo alterado. Os títulos passaram a ter mais valor na votação.
Com isso chegamos as primeiras grandes injustiças notórias do prêmio – e não, não é o Edmundo jogando pelo Vasco em 1997, essa é uma invenção da torcida vascaína pelo grande ano feito pelo jogador. Em 2003 Pavel Nedved, o futebolista Tcheco que atuava pela Juventus foi eleito vencedor da bola de ouro. No ano seguinte, o ucraniano Andriy Shevchenko, que atuava pelo Milan, foi o vencedor.
Acontece que esses foram os melhores anos do jogador Francês Thierry Henry. O jogador fez chover com o time do Arsenal, campeão invicto da Premier League. Sendo o principal destaque do time e artilheiro.
Nos anos seguintes, sugiram dois jogadores que não deram espaço para injustiças durantes 10 anos. Cristiano Ronaldo abriu em 2008 uma das maiores disputas da história da bola de ouro. Nos quatro anos seguintes Messi foi o vencedor, em 2013 e 2014 Cristiano deixou a disputa mais acirrada, em 4×3 para o argentino. A disputa foi interrompida no ano de 2018, a próxima grande injustiça do prêmio.
Com a disputa em 5×5, 2018 foi um ano mágico para Cristiano Ronaldo, conquistando o terceiro título seguido da Champions League e sendo artilheiro com números absurdos. São 55 jogos, 54 gols e 11 assistências. Mas o prêmio foi dado ao seu companheiro de Real Madrid, o croata Luka Modric.
Desde então o prêmio é repleto de absurdos, como a vitória de Lionel Messi em 2019 ao invés do zagueiro campeão da Champions League pelo Liverpool Virgil van Dijk. Em 2020 o prêmio não aconteceu por conta da pandemia covid-19, o que não reflete os gramados, ja que os campeonatos foram retomados.
Os anos de 2020 e 2021 foram os melhores da carreira do polonês Robert Lewandowski. Com o chamado pelos fãs de Super-Bayern, o polonês foi campeão da Champions League e artilheiro do mundo, mas viu Lionel Messi ganhar outro prêmio.
A mesma coisa aconteceu em 2023 com o Norueguês Erling Haaland, que foi artilheiro do mundo e campeão da Champions League pelo Manchester City, mas perdeu o prêmio para Messi. O motivo foi o resultado da copa do mundo de 2022, já que Messi já atuava por um clube de pouco relevância, o Inter Miami. Porém a questão é a mudança da regra para a vitória do argentino, ja que a copa do mundo não estava dentre o período da disputa.
Em 2024 a maior injustiça, junto a de Thierry Henry em 2003, Vinícius Júnior foi segundo lugar no prêmio da bola de ouro. Com isso chegamos a um marco importante nessa história.
Vinícius está envolvido na maior luta contra o racismo travada dentro do futebol Espanhol. Sofrendo com o preconceito cravado na cultura local, Vinícius ja foi ameaçado de morte por torcidas rivais. E isso chamou a atenção dos torcedores.
O que acontece é que historicamente, os países europeus são vistos como xenofóbicos e racistas. No caso de Vinícius não é diferente. Dentro de campo ele foi o melhor jogador da temporada sem nenhuma sombra de dúvidas. O vencedor Rodri, campeão da Europa com sua seleção, a Espanha, não foi o melhor da competição e muito menos o melhor pelo seu time, o Manchester City. Em resumo, não foi a melhor temporada do jogador. Mas ele nada tem haver com isso, recebeu o prêmio como qualquer um faria. É o sonho de qualquer jogador.
Mas a premiação que era pra ser especial ficou manchada por vaias e o nome de Vinícius Júnior sendo gritado durante o evento. Evento esse que tentou humilhar o jogador brasileiro, com vídeos ironizando o atleta e até sendo parcial em relação aos candidatos.
A maior “desculpa”, se é que pode ser chamado assim, é que o brasileiro é altamente provocativo e manipulador com seus dribles e suas pautas antirracistas. Mas se esse for o motivo, o bi-campeão do prêmio de melhor goleiro, o argentino Emiliano Martinez, é um personagem tão provocativo quanto o brasileiro. Entre os dois, duas diferenças claras são estampadas, a posição e a cor da pele.